VIVEIROS

Plantando as sementes do futuro

Curso gratuito para capacitação de coletadores muda o rumo de comunidade e da natureza

Projeto Ambiental
18/10/2013 às 14:58.
Atualizado em 26/04/2022 às 05:33

Vanessa Tanaka*  Há 11 anos, quando a Bioflora Tecnologia da Restauração decidiu oferecer um curso de capacitação e treinamento de coletadores de sementes em sua sede, no Sítio Flora Nativa - 2 Córregos, na cidade de Piracicaba, não imaginaria a mudança que causaria na vida de algumas pessoas. Percebeu que a comunidade em seu entorno necessitava de uma oportunidade de vida e, ao mesmo tempo, precisava suprir a demanda por sementes de um grande número de espécies no viveiro. Diante disso, não teve dúvidas e criou o curso.  Nele, os alunos aprendem a reconhecer o ponto correto de maturação dos frutos para fazer a coleta no momento certo e são orientados sobre as diversas metodologias para o recolhimento, o beneficiamento e a armazenagem ideal dessas sementes. O trabalho também envolve a conscientização dos grupos sobre a importância da preservação da floresta.  Para participar, o interessado deve ter no mínimo 18 anos de idade, afinidade com o tema e ser um potencial colhedor de sementes. A capacitação é gratuita e pode ser feita de duas formas: em cursos específicos ou individualmente nos encontros mensais, quando também acontece a comercialização das sementes colhidas. A duração é de um a dois dias e são realizados duas vezes ao ano. A próxima turma está prevista para os dias 27 e 28 de setembro. Desde que foi oferecido, já foram capacitadas mais de 40 pessoas.  O mecânico de manutenção Hélio das Graças de Oliveira fez o curso há um ano para obter uma renda extra e, nas horas vagas, colhe sementes como uma segunda fonte para ajudar no orçamento. Livre nos feriados e finais de semanas, parte para a coleta em regiões de mata no Estado de São Paulo que chegam à divisa com Minas Gerais.  Sai cedinho de casa para ter tempo suficiente de apanhar as mais variadas espécies de sementes e todo o esforço é recompensado. Oliveira conta que a melhora de vida foi sentida por toda a família, inclusive na hora das refeições. “Troquei o carro e até a comida está melhor, tenho muita satisfação no que faço, principalmente porque sei que, além de tudo, estou colaborando com a natureza”, diz o sementeiro. A história do ex-aluno José Severino Silva é parecida. Há oito anos, vive apenas da coleta de sementes e, nesse período, abriu sua empresa, comprou sua casa e um carro. “A vida só melhorou depois que eu fiz o curso e aprendi como fazer corretamente. Quando se ajuda o meio ambiente, se ajuda a si mesmo”, acrescenta.  Atualmente, Silva vende as sementes para 11 viveiros de São Paulo e coleta em várias cidades paulistas, e até do Estado do Paraná, cerca de 140 quilos de sementes de mais de 40 espécies diferentes de árvores nativas.  Para o diretor da Bioflora, André Nave, novas técnicas de restauração florestal têm apontado a semeadura direta como uma metodologia promissora e que deverá crescer muito. “Isso significa que, aliada às demandas já existentes, a profissão do colhedor de sementes deverá crescer muito nos próximos anos”, diz. A Bioflora é uma empresa que atua em todos os segmentos envolvidos na restauração de florestas nativas, contemplando desde a elaboração de projetos ambientais, produção de sementes e mudas até a implantação e manutenção de reflorestamentos. Seu trabalho, realizado em parceria com institutos de pesquisa renomados, visa principalmente criar e difundir tecnologias inovadoras para o desenvolvimento de florestas nativas.

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