A Prefeitura de Ribeirão Preto avalia, junto ao governo do Estado, a possibilidade de transformar a pista do Aeroporto Leite Lopes em um viaduto sobre a Avenida Thomaz Alberto Whatelly, na Zona Norte da cidade.
A mudança será necessária por causa das adaptações para a internacionalização do terminal. A pista será “deslocada” em 500 metros em direção à Thomaz Alberto Whatelly – assim, o aeroporto poderá receber aviões cargueiros de maior porte sem modificar a chamada curva de ruído, limite que deve ser respeitado para que as famílias que vivem na região não sejam prejudicadas pelos pousos e decolagens.
O projeto para a ampliação foi assinado em 2012, e inicialmente prevê o “desvio” de parte da Thomaz Alberto Whatelly para o deslocamento da pista. A Gazeta apurou, no entanto, que o governo municipal já propôs ao Estado a mudança no projeto para a construção do viaduto – assim, a pista passaria por cima da avenida, que não precisaria ser desviada.
Oficialmente, a assessoria de imprensa do Daesp disse apenas que o projeto – que contempla também a remoção de famílias e um novo plano viário para acesso ao aeroporto, entre outras melhorias, ainda está “em elaboração”.
O investimento nas obras para o deslocamento e as readequações viárias é de R$ 170,6 milhões, sendo R$ 144,8 milhões do Estado e os outros R$ 25,8 milhões do Município, mas a mudança para o viaduto aumentaria os valores. Pelo acordo inicial entre Prefeitura e Estado, o primeiro ficaria responsável pelas adequações viárias, e o segundo, pelas intervenções na pista e remoção das famílias.
CRÍTICAS
O professor do Moura Lacerda e especialista em trânsito e transporte Luimar Heck Paes Leme disse que, apesar de ser contra a ampliação do Aeroporto Leite Lopes, aprovou a mudança do desvio para o viaduto na Thomaz Alberto Whatelly. “Com certeza é mais seguro para os motoristas, e mais confortável também para quem já é acostumado a trafegar pelo local.”
Ele afirmou, no entanto, que as obras são mais um indicativo de que o aeroporto não deveria estar onde está. “Primeiro é família que precisa ser removida, depois é obra viária. É uma bola de neve, nunca vão parar (as obras de adequação no aeroporto). Em dez anos o Leite Lopes vai ser nosso Congonhas”, afirmou, referindo-se ao terminal imerso na mancha urbana da capital paulista.
O mesmo pensam os integrantes do Movimento Pró Novo Aeroporto, que defendem a construção de um terminal em um novo local para Ribeirão. Um post no blog do movimento, de janeiro de 2011, já criticava a ideia de um viaduto na pista. Segundo o texto, a construção criaria um túnel de mais de 300 metros na Thomaz Alberto Whatelly, o que tornaria o ambiente inseguro, principalmente à noite.