MORAR FORA

Piracicabanos deixam cidade para viver sonho

Segundo o último Censo do IBGE de 2010, 892 piracicabanos viviam no exterior

22/04/2013 às 08:52.
Atualizado em 25/04/2022 às 19:22
Mike ganhou bolsa de estudos na Coréia (Divulgação)

Mike ganhou bolsa de estudos na Coréia (Divulgação)

Eles sonhavam com uma vida diferente. Mais do que isso: buscavam viver experiências que somente estando fora do Brasil teriam condições de vivê-las. Para isso, não hesitaram em abandonar o conforto de suas casas, os parentes e amigos para reescreverem suas histórias de vida em lugares bem distantes de Piracicaba. Em comum, levaram na bagagem e no coração o desejo de viver uma nova realidade. Segundo o último Censo do IBGE de 2010, 892 piracicabanos viviam no exterior. Beatriz, Mike e Fábio são jovens que romperam as fronteiras brasileiras em busca desse sonho. Cada um deles com propósitos semelhantes: estudar e se jogar literalmente em uma cultura totalmente diferente da brasileira.

"Assim que terminei o ensino médio viajei. Eu tinha 18 anos e sempre quis fazer intercâmbio. Eu queria ir para fora para me virar, viver sozinha na raça, cometer os meus erros sem ninguém me julgar e aprender a consertá-los sem a ajuda de ninguém", revela Beatriz Fernandes, de 19 anos.

Um ano depois de ter viajado, Beatriz se diz adaptada à vida na Europa. Ela explica que optou por Dublin (capital da Irlanda) pela possibilidade de como estudante poder trabalhar e estudar simultaneamente. "Com o dinheiro que ganho posso ter uma ótima qualidade de vida e aprender inglês".

Porém, ela reconhece que ao chegar na Europa, em janeiro de 2012, passou por um grande choque cultural, causado, principalmente pela diferença da temperatura. "Eu saí de um verão de quase 40 graus de Piracicaba para enfrentar um pico do inverno de -10 graus negativos. Foi difícil me acostumar".

Beatriz conta que, no início, ficou presa à vida em Piracicaba. Sua rotina consistia em sair com amigos, nadar, ir a churrascos. Na nova realidade irlandesa não havia nada dessas coisas. "Aqui, os pubs (bares) funcionam com aquecedor e fecham por volta das 2,3 horas da manhã. Não existe quase nada 24 horas, Além disso, venta e chove todo dia. No começo, eu não tinha a mínima vontade de sair de casa, mas consegui trabalho de vendedora numa empresa irlandesa, o que foi muito bom porque guardei dinheiro para viajar".

Aliás, conhecer lugares é uma das grandes vantagens apontadas por ela. Araças ao preço baixo das passagens, é possível conhecer muitos países da Europa com apenas 15 euros. "Com o tempo fui entendendo a cultura deles e comecei a me desprender do Brasil. Eu entendi os valores daqui. Se sabemos de uma previsão de sol vamos todos para o parque fazer piquenique ou conhecer cidades do interior ou simplesmente passeamos pelo Centro para aproveitar o dia".

SONHO

Desde adolescente, o grande desejo de Fábio Gibelli era estudar no exterior. Em 2010, enfim, ele conseguiu deixar o sonho de lado e viver essa realidade. "A vontade de conhecer outro país se tornou a maior e mais marcante experiência da minha vida. Sempre gostei de estudar. Então, aliei o útil ao agradável".

Estudante de fotografia, diz que o curso tem sido maravilhoso e que desde o primeiro dia de aula sabia que aquele seria o seu lugar. A sala de aula é um estúdio fotográfico todo equipado. "O professor é um excelente fotógrafo irlandês. Por ser daqui, ele conhece todos os melhores lugares para fotografarmos. Cada dia me sinto mais motivado".

Ele conta que, desde criança, tinha câmera analógica e que saia fotografando tudo. Depois de ter se formado em publicidade sentiu mais vontade ainda de fazer um curso. "Comecei a pesquisar sobre a Irlanda e gostei bastante. No princípio, fiquei receoso com o clima, especialmente com o fato de a chuva ser constante, mas decidi tentar. Vim, me apaixonei e não quero mais ir embora. Dublin é mágica, não consigo explicar".

Além de estudar, ele se desdobra em vários trabalhos. Gosta de ir a pubs, baladas, cafés e sempre que sobra algum dinheiro também gasta em viagens. Com relação ao Brasil, confessa que sente saudades, mas "odeia mesmice" e ficar parado. "Estar aqui me faz sentir vivo de verdade todos os dias, mesmo com as dificuldades. Quero conhecer, explorar e viajar mais, encontrar pessoas de diferentes lugares do mundo, mas sem esquecer minhas raízes e valores".

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