A Venezuela vive uma situação extremamente delicada. Diversos atores internacionais, meios de comunicação e redes sociais mantém informado o mundo do que pode ser considerada uma das piores tragédias que ocorreram, num país outrora considerado um dos mais estáveis na América Latina. País que está sobre uma imensa reserva de petróleo, a maior do mundo. Um país rico mas com a maioria da população passando fome. Numa situação de flagelo humanitário, o regime Maduro perpetrou nos últimos dias, ações de lesa humanidade, impedindo a entrada e destruindo ajuda humanitária destinada a aliviar a situação alimentar e de grave escassez de diversos produtos de primeira necessidade, situação causada por anos de má gestão econômica do chavismo. O quadro é gravíssimo. A inflação no mês de janeiro deste ano chegou a 191,6%. Sendo que em 2018 superou a casa de 1.000.000%. Para este ano o Fundo Monetário Internacional prevê uma inflação de 10.000.000%. O petróleo domina a economia venezuelana e representa praticamente a totalidade de sua receita de exportação, em torno de 96%. Com as sanções norte-americanas de restrição às importações de petróleo da Venezuela a situação tende a piorar. A fome nos últimos anos fez com que os venezuelanos perdessem, em média, 11 quilos no ano passado. A violência generalizada impede que as pessoas saiam às ruas à noite nas grandes cidades. Essa crise provocou um êxodo em massa para os países da região. Estima-se que até 10% da população da Venezuela emigrou para outros países das Américas, sendo considerada uma das piores crises migratórias já registradas. Quem permanece no país se sujeita ao desabastecimento de alimentos e de remédios, além da violência dos paramilitares aliados ao regime. A essa situação se chegou devido a anos de medidas equivocada do denominado “Socialismo do século XXI”, que teve como prática a adoção de medidas intervencionistas e populistas, sustentadas no passado pelos altos preços do petróleo. Após a queda do preço do barril do óleo cru não foram adotadas medidas para diminuir os elevados gastos da administração, optando pelo controle de preços, do tipo de câmbio, a estatização de diversas fábricas e a falta de investimento no setor chave da economia, justamente o petróleo. O chavismo trouxe problemas para a sociedade venezuelana em vários campos. No político, pautou-se por desprezar o texto constitucional. Realizou eleições fraudulentas reconhecidas como tal pela comunidade internacional; dissolveu o parlamento, perseguiu e prendeu os dissidentes; no âmbito econômico como já vimos, provocou a hiperinflação como consequente empobrecimento generalizado da população e destruição das cadeias produtivas. No campo social escassez de insumos essenciais, desnutrição e emigração em massa. Esse é o cenário que se apresenta no governo Maduro, que resiste em receber ajuda humanitária e oferece mais repressão ao povo venezuelano. O bloqueio militar aos carregamentos que o povo venezuelano tanto necessita retira a autoridade moral daqueles que não querem deixar o poder na Venezuela. É um atentado contra os direitos humanos de milhões de pessoas entre as quais se encontram homens, mulheres, crianças e idosos que não tiveram oportunidade ou forças para fugir da repressão e outras práticas não democráticas da ditadura. Agora a perseguição se agrava com a adoção de práticas condenadas e utilizadas pelos nazistas na segunda guerra mundial. Grupos paramilitares do chavismo estão marcando as casas e estabelecimentos comerciais de opositores a Maduro, criando pânico entre a população de várias cidades. Marcam com círculos redondos, vermelhos, com uma linha diagonal, imitando o sinal de proibido do trânsito. Juan Guaidó, o presidente designado autoproclamado, depois de uma viagem por vários países sul-americanos, entre os quais o Brasil e ameaçado de ser preso ao voltar à Venezuela, voltou para Caracas em voo comercial sendo recebido por uma multidão e escoltado por embaixadores de países que o reconhecem como legítimo mandatário. Convocou novas manifestações e marcou reunião com sindicatos de funcionários públicos retomando a ofensiva contra o governo Maduro. Há sinais de que as bases do regime estão sofrendo corrosão. No dia 23/02 último indicado por Juan Guaidó como o dia D, não serviu para chegar ajuda humanitária à Venezuela, nem provocou uma ruptura no exército que possibilitasse a queda de Maduro, mas serviu para abrir uma brecha importante no aparato repressivo do regime. Por essa brecha, que dificilmente será fechada, ocorreram, desde então, deserções de soldados que cruzam as fronteiras da Colômbia e Brasil. Foram mais de 700 militares que fugiram em busca de segurança e alimento e manifestaram apoio a Guaidó.