TADEU FERNANDES

Piolho é um problema coletivo

23/09/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 03:31

Desde a volta as aulas, uma epidemia de crianças com pediculose, ou simplesmente piolho, invadiu a cidade.A pediculose é uma infecção parasitária que atinge crianças de todos os estratos sociais, não é restrita às comunidades carentes como muitos pensam, vários estudos mostram a ocorrência desse parasita em escolas privadas frequentadas por abastadas classes sociais.As estatísticas existentes sobre pediculose no Brasil não demonstram, de maneira fiel, qual a porcentagem da população infestada. Mas para entender a dimensão do problema basta saber que em 2012 foram vendidos quase 12 milhões de unidades de produtos piolhicidas no país, número com significativa tendência de crescimento nos últimos anos.O piolho da cabeça é resistente a variação de temperatura, deposita seus ovos, também chamados de lêndeas, próximo as raízes dos cabelos, presos por uma substância gelatinosa que se solidifica em minutos.Um piolho vive em média quatro a seis semanas, quando põe um total de 100 a 150 ovos (lêndeas). Estes ovos eclodem em torno de sete a nove dias, tornam-se maduros em uma semana e já começam seu ciclo parasitário, perfuram a pele do couro cabeludo e sugam seu alimento, o sangue, várias vezes ao dia.Atenção para um importante detalhe, as lêndeas que permanecem na parte mais comprida dos cabelos, em sua maioria, são lêndeas ocas, mortas, as lêndeas vivas ficam próximas do couro cabeludo. Não adianta ficar tirando essas lêndeas, superficiais, o grande problema esta próximo ao couro cabeludo.Os parasitas adultos dificilmente são observados por serem pouco numerosos, sendo vistas, com mais freqüência, as lêndeas.No couro cabeludo o parasita prefere as regiões occipital (da nuca) e atrás da orelha, onde a coceira é mais intensa, provocando escoriações na pele que evoluem para infecções dermatológicas secundárias e formação de ínguas ou gânglios na região.As crianças infestadas podem apresentar baixo desempenho escolar por dificuldade de concentração, conseqüência da coceira contínua e distúrbios do sono. Crianças com infestação severa também podem desenvolver anemia devido ao hábito sugador de sangue do piolho.Há relatos recentes de bullying contra crianças com pediculose. Os professores precisam saber conduzir esses casos de modo educativo e eficaz, sem estigmatizar as crianças portadoras do parasita.Piolho não é um problema exclusivamente pessoal. É coletivo!O tratamento da pediculose do couro cabeludo deve obrigatoriamente ter duas visões: uma individual e outra coletiva. Não basta tratar o paciente que esta procurando o serviço médico, a prescrição desse ou daquele produto piolhicida pode ter um custo elevado, mas com eficácia duvidosa, diante da crescente resistência desenvolvida e das frequentes reinfestações.É preciso envolver pais, professores e Centro de Saúde Regional para uma ação coletiva de prevenção e tratamento. É importante destacar que não existe um produto preventivo, não existe repelente, fórmulas caseiras e milagrosas provocam frequentes intoxicações.Mais importante que qualquer medicação é a penteação das lêndeas com pente bem fino e a catação dos piolhos realizada com meticuloso e diário cuidado. Uma vez encontrados piolhos e/ou lêndeas na cabeça da criança, todas as pessoas que tenham contato direto com esse transmissor, devem fazer a penteação. Isto evitará que uma pessoa da casa ou da escola funcione como foco do parasita e provoque novas infestações.Não tenha vergonha em comunicar a escola sobre a presença de piolhos em seu filho, repito o tratamento deve ser coletivo e não individual.

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