A combinação entre uma regra mal pensada e uma tola resistência criou um padrão que desafia a lógica na Fórmula 1. Motivados por um peso mínimo para os carros que não lhes dá muita margem, os pilotos mais altos estão colocando sua saúde em risco em troca de alguns décimos por volta.A raiz do problema é uma estimativa errônea do peso da nova unidade de potência. O limite mínimo do conjunto carro-piloto foi aumentado em 43kg em relação a 2013, mas isso não foi suficiente para acomodar a novidade. De onde tirar o peso excedente? Dos pilotos.O peso ideal varia de acordo com a equipe e esse é um dos fatores que freia uma mudança imediata: há times que conseguiram fazer carros mais leves e, com isso, dão mais margem aos pilotos. A Mercedes, por exemplo, não se importa que Lewis Hamilton se mantenha por volta dos 72kg. Por outro lado, Jenson Button – pouco menos de 10cm mais alto que o inglês – tem de se manter abaixo dos 70kg na McLaren.Estes 70kg são o padrão. Isso é relativamente fácil para os baixinhos, mas e para quem passa dos 1,80m? A turma tem Ricciardo, Chilton, Grosjean, Hulkenberg, Gutierrez, Button, Vergne e Sutil, oito dos 22 pilotos do grid, e encontra resistência justamente dos demais, que querem manter sua vantagem.Vantagem essa que vale tempo de volta. O caso mais grave é o de Adrian Sutil, com o carro 20kg a mais que o peso mínimo, o que lhe custa em média 0s6, diferença que garantiria cinco posições a mais no grid da última prova. Tanto, que o alemão adotou uma solução drástica e “ganhou” 1,5kg ao retirar o reservatório de água de seu cockpit.A desidratação, comum em lutadores no UFC, virou a nova mania no grid. Os pilotos, como já estão magros demais e perderiam massa muscular caso adotassem uma dieta ainda mais restritiva, usam formas de perder água para “emagrecer”. Porém, diferentemente de quem sobe ao ringue podendo recuperar até 12kg do que “bateu” na pesagem, os pilotos são pesados após os treinos e provas. Ou seja, têm de correr desidratados.A perda de rendimento é óbvia e o francês Vergne, inclusive, chegou a ser hospitalizado com desnutrição entre um GP e outro. Segundo especialistas, a performance é prejudicada com a perda de 2% do peso corporal em líquido. Para um homem de 70kg, por exemplo, isso significaria 1,4kg, algo que já acontece normalmente em provas mais quentes. Imagine quem precisa perder mais do que isso.Para o ano que vem, ficou acertado que o peso mínimo subirá em 10kg. Até lá, seguiremos com o grid, literalmente, seco.