CAMPINAS

Pf quer Interpol para encontrar livros raros furtados de biblioteca

Informações dos livros do CCLA serão inseridos no banco de dados da polícia internacional

Luciana Félix
12/08/2013 às 22:36.
Atualizado em 25/04/2022 às 05:43
O presidente do CCLA, Marino Ziggiati, lamenta o roubo de obras valiosas ( Leandro Ferreira/AAN)

O presidente do CCLA, Marino Ziggiati, lamenta o roubo de obras valiosas ( Leandro Ferreira/AAN)

A Polícia Federal (PF) de Campinas vai encaminhar nesta terça-feira (13) os dados das obras roubadas do Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA) para o sistema de banco de dados da Interpol — polícia internacional. O crime aconteceu na quinta-feira (8) da semana passada. Entre os cerca de cem livros levados, haviam nove volumes de uma coleção francesa rara de botânica datada do ano 1.600. Cada livro custa entre US$ 25 mil a US$ 30 mil. Com o material, a polícia internacional poderá identificar caso o acervo seja vendido em outros países. A PF também já gerou alerta sobre o caso para a polícia de fronteira. Nesta segunda-feira (12), a investigação do caso foi encaminhada para a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) que será responsável pela apuração do caso em parceira com a PF. “A relação de tudo o que foi levado será entregue amanhã (terça) e já mandaremos para a Interpol. Esse sistema busca informações de suspeitos especialistas em obras de artes procurados”, afirmou o delegado da PF Hermógenes de Freitas Leitão Neto. Para o delegado, os bandidos que invadiram o CCLA são especialistas e já tinham conhecimento dos objetos que foram levados. “Não é um caso comum, senão levariam computadores, tevês e não objetos específicos que precisa de contato no mercado negro para o material ser repassado. Alguém fez a encomenda. É bem possível que essa quadrilha não seja nem de Campinas. A Polícia Civil vai investigar e daremos uma colaboração, mas virou uma questão de honra elucidar o caso”, disse. O delegado afirmou que não é a primeira vez que a mesma coleção raríssima é levada do local. “Há seis anos levaram do mesmo local e ela foi encontrada no Rio de Janeiro junto com outras coleções. Ela tinha o selo do CCLA e foi devolvida. Agora, parece que retornaram para roubá-las novamente”, afirmou. O delegado titular do 1º Distrito Policial, José Carlos Fernandes, que iniciou as investigações, recebeu nesta segunda as imagens das câmeras da Central Integrada de Monitoramento de Campinas (CimCamp) de áreas próximas do prédio do CCLA. “Começamos a assistir para encontrar alguma imagem que possa ajudar na identificação, mas agora a investigação fica a cargo da DIG, que tem pessoal especializado para questões específicas e mais complexas como essa”, afirmou. Para o delegado, os criminosos sabiam exatamente o que foram buscar. “Está claro que são criminosos que conheciam o material roubado e também seu valor”, afirmou. O presidente do centro Marino Ziggiati lamentou o roubo. “As obras que levaram são valiosas e centenárias. É muito triste pois cuidamos com tanto carinho e dedicação de um pedaço da história do País e do mundo. Porém, não temos condições de arcar com uma segurança durante o dia. A noite temos cerca elétrica e alarmes, mas durante o dia, não temos”, afirmou. A bibliotecária do centro fará nesta terça um levantamento com todos as obras levadas e encaminhará à PF. A quadrilha invadiu o centro durante a tarde de quinta-feira passada. Funcionários, voluntários, pesquisadores e visitantes estavam no local e foram feitos reféns, amarrados e amordaçados enquanto os bandidos recolhiam itens de uma sala reservada, que fica nos fundos da biblioteca. O bando teria fugido em uma Fiorino com o adesivo “Museu das Artes”. Entre as obras levadas estava um livro enviado por um imperador russo e uma carta enviada por um imperador chinês, ambas destinadas à Campos Sales, que estavam em um mostruário no corredor no 3º andar. “Não tem valor, é inestimável. O valor maior é histórico”, afirmou o presidente. Os bandidos ainda levaram sete celulares e R$ 570,00 em dinheiro das vítimas. Veja também Quadrilha rouba livros raros do CCLA em Campinas Funcionários, voluntários e frequentadores do local foram feitos reféns dos bandidos

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