EDITORIAL

Petrobras e a má gestão do Estado

27/05/2013 às 17:21.
Atualizado em 25/04/2022 às 14:29

A Petrobras é a empresa que remete ao mais puro nacionalismo brasileiro. Nascida de uma clara intenção de autonomia em setor estratégico, sempre foi um modelo de competitividade e alcançou respeitáveis resultados técnicos e comerciais que a colocaram entre as maiores empresas petrolíferas de todo o mundo. Ao longo de sua história, alavancou a economia nacional e soube impor sua condição de fomentadora de tecnologia, mesmo diante do caráter estatal, político e corporativo que sempre a tentaram abalar.

Não por acaso, recebeu apoio incondicional de todos os governantes, que se apoiaram em sua estabilidade e história para fazer caixa, mesmo em situações de crise, quando a competência técnica e administrativa são mais exigidas. Ultimamente, os vetores parecem ter se invertido e a Petrobras passou de protagonista elogiável a alvo de nefasta manipulação política, que incluiu estapafúrdio anúncio de autossuficiência em abastecimento de petróleo, em plena campanha presidencial de Dilma Rousseff, quando hoje o País importa combustível.

O caso da compra da refinaria de Pasadena, na Califórnia, é outra caixa-preta que começa a ser aberta no corpo de negócios da estatal. Fechado por US$ 1,18 bilhão quando o valor oito anos antes era de R$ 42.5 milhões e, um ano depois, já valia um décimo do que foi pago, o negócio é pleno de irregularidades e explicações mancas. Agora, novos documentos jogam mais suspeitas, uma vez que a Petrobras se comprometeu a vender, por 15 anos, petróleo a um preço que garantisse aos belgas um retorno mínimo no negócio de 6,9% ao ano, já excluindo taxas e impostos, situação absolutamente fora do mercado, além de ter pago o dobro pelos estoques.

Toda essa transação movimentou o Congresso na semana passada, onde Graça Foster passou horas em tentativa de fazer bater as contas. Ao final, deputados do PMDB e base aliada assinaram requerimento para a instauração de uma CPI da Petrobras, que foi barrado pelo presidente da Casa Henrique Alves (PMDB/RN), sob alegação de que tudo fora esclarecido.

O episódio, que ainda terá desdobramentos, traz à tona a denúncia mais explícita da manipulação dos recursos estatais, agora no seio de uma empresa que demonstrava saúde financeira e agora se presta a ceder aos desmandos de um governo interessado mais na perpetuação no poder do que pregar uma gestão eficaz e essencialmente profissional.

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