FRANCA

Pesquisadora cria pele artificial a partir de tecido suíno

Projeto de professora da Escola Técnica Estadual (Etec) ajuda a abastecer os bancos de pele

Renê Moreira
07/10/2013 às 12:42.
Atualizado em 25/04/2022 às 00:53
Projeto de professora da Escola Técnica Estadual (Etec) de Franca ajuda a abastecer os bancos de pele e hospitais (Renê Moreira)

Projeto de professora da Escola Técnica Estadual (Etec) de Franca ajuda a abastecer os bancos de pele e hospitais (Renê Moreira)

A professora e pesquisadora Joana D'Arc Félix de Souza desenvolveu uma pele similar à humana a partir da derme de porcos. O trabalho foi desenvolvido junto com os alunos do curso de curtimento da Escola Técnica Estadual (Etec) Agrícola Carmelino Correa Júnior de Franca.  A pele humana é um dos materiais menos captados pelos bancos de órgãos e o material artificial poderá contribuir para auxiliar também os hospitais. Outra vantagem é que vai baratear as pesquisas nessa área, uma vez que a matéria-prima do animal é abundante e de baixo custo. O trabalho se baseou no reaproveitamento dos restos de curtumes. A pele suína tem uma composição 78% compatível com a humana e já é utilizada em enxertos temporários. Joana D'arc explica que estudos com pele de outros animais resultaram em transmissão de doenças. "Como a pele do porco é compatível, não acontece esse problema". O grupo purificou a pele do porco, eliminando todo o material genético associado ao animal (células, proteínas degradadas e gorduras), e assim obter uma matriz "limpa". Após essa etapa, injetou colágeno extraído do resíduo de couros, que reproduz os mesmos tecidos humanos, a fim de completar o espaço das impurezas retiradas e conservar as principais características da pele humana.Amostras da pele desenvolvida em Franca já estão sendo testadas pela USP (Universidade de São Paulo). O próximo passo do projeto será adicionar leucócitos para dar coloração ao material. No Brasil, só existem três bancos de pele: em São Paulo, Recife e Porto Alegre. Sobre a pesquisadoraVinda de família humilde, a pesquisadora começou a frequentar escolas aos 4 anos, acompanhando a mãe que era faxineira e limpava salas de aulas em colégios de Franca. Ainda aos 14 anos, ela foi aprovada na lista dos vestibulandos da USP, Unesp e Unicamp. Escolheu a última, se graduou em Química Orgânica, fez mestrado e doutorado. Sem contar esse trabalho, já desenvolveu vários outros. Um deles, bastante importante, foi tema de seu curso de pós-doutorado na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e envolve o reaproveitamento de resíduos orgânicos e industriais.Sobre a Etec Agrícola Carmelino Correa Júnior de FrancaA Escola Técnica Estadual e Agrícola Carmelino Correa Júnior, de Franca, é administrada pelo Centro Paula Souza - que administra 211 Etecs e 56 Faculdades de Tecnologia (Fatecs) estaduais em 161 municípios do estado. O Centro Paula Souza é uma autarquia do governo do estado de São Paulo vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia. As Etecs atendem cerca de 226 mil estudantes nos Ensinos Técnico e Médio.

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