FÓRUM

Pesquisa sobre Down levanta polêmica

A pesquisa, feita ao longo de oito anos, será apresentada neste sábado (23) no último dia do 4º Fórum Internacional Síndrome de Down, que começou na última quarta na Unicamp

Sarah Brito
22/05/2015 às 23:24.
Atualizado em 23/04/2022 às 12:48
Catriona L. Hippman, pesquisadora e conselheira genética: preconceito e falta de informação são desafios (  Divulgação)

Catriona L. Hippman, pesquisadora e conselheira genética: preconceito e falta de informação são desafios ( Divulgação)

Uma pesquisa realizada no Canadá com cem pais de crianças portadoras da Síndrome de Down mostra que um terço deles desconsidera a possibilidade de cura para a alteração genética. O resultado indica que estes pais estão contentes com os filhos do jeito que eles são. Alguns ficaram até “horrorizados” com a pergunta, segundo a pesquisadora canadense Catriona L. Hippman, autora do estudo.  A pesquisa, feita ao longo de oito anos, será apresentada neste sábado (23) no último dia do 4º Fórum Internacional Síndrome de Down, que começou na última quarta-feira na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com uma programação de palestras e discussões sobre a síndrome. A apresentação de Catriona é a mais aguardada do fórum. Por outro lado, o levantamento também revela que um terço dos entrevistados disse que a cura seria “um alívio”. Um terço dos entrevistados não soube responder. Outra pergunta foi sobre como os pais gostariam que fossem as pesquisas relacionadas à Síndrome de Down. A resposta é que eles gostariam que houvessem formas de a sociedade entender e acolher melhor essas pessoas. O estudo completo será divulgado hoje, no fórum. Catriona é pesquisadora e conselheira genética da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá. Foram oito anos de estudo e o preconceito e a falta de informação foram apontados como grandes desafios enfrentados pelas famílias. “Acredito que o estudo vá ajudar outras pessoas a entenderem a experiência de ter uma criança com a síndrome e fazer com que a sociedade apoie mais”, disse ela, em entrevista ao Correio Popular. Catriona afirmou que o estudo tinha que a possível cura ajudasse as crianças portadoras da síndrome a terem uma vida mais independente e com mais qualidade. “Mas, o estudo mostrou que os pais estão divididos e confusos sobre isso. Coletamos muitas opiniões diferentes. Alguns ficaram consumidos pela ideia, de uma forma ruim”, afirmou. A pesquisadora não possui nenhum parente com a Síndrome de Down, mas se apaixonou pelo assunto quando começou a estudar genética na faculdade. Desde então, pesquisa sobre o tema. A síndromeA síndrome é uma condição cromossômica causada por um cromossomo extra no par 21. Crianças e jovens portadores da síndrome têm características físicas semelhantes e estão sujeitos a algumas doenças, devido ao seu sistema imunológico. Sem a síndrome, os seres humanos têm em suas células 46 cromossomos, que vem em 23 pares. Portadores da Síndrome de Down têm 47 cromossomos, pois têm três cópias do cromossomo 21, ao invés de duas. A ocorrência é considerada um acidente genético que acontece no momento da concepção em 95% dos casos. Quando a gestação ocorre em mães mais velhas, existe uma maior probabilidade de gestar um bebê com alterações cromossômicas como a Síndrome de Down, principalmente acima dos 35 anos de idade. Problemas de saúde e de aprendizado podem ocorrer, mas estes variam de criança para criança. Hoje, durante a palestra, Catriona debate o assunto com o médico Alberto Costa, que pesquisa o uso da memantina, uma substância que promete a melhora do desenvolvimento cognitivo e diminui a precocidade do mal de Alzheimer, comum entre pessoas com a alteração genética.

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