Polícia trabalha com a hipótese de que as mortes tenham sido provocadas intencionalmente
Hospital Vera Cruz, em Campinas, onde aconteceram as mortes (Elcio Alves/AAN)
Peritos do Instituto de Criminalística, médicos, auxiliares de enfermagem, representantes da Vigilância Sanitária municipal e estadual e o delegado José Carlos Fernandes reconstituíram ao longo do dia desta quarta-feira (6) todos os passos do tratamento a que foram submetidas as três pessoas que morreram após a realização de um exame de ressonância magnética no último dia 28. A realização do procedimento é comum em investigações de crimes e revela que a polícia trabalha com a hipótese de que as mortes tenham sido provocadas intencionalmente.
O advogado Ralph Tórtima, que defende a Ressonância Magnética Campinas, empresa responsável pela realização do exame, afirmou que o procedimento é importante para dar mais subsídios que possam levar a polícia a descobrir o que teria provocado as mortes. "O que aconteceu foi muito intrigante e nos leva a pensar em suspeitas que não devemos falar nesse momento", afirmou.
No final da tarde, o delegado responsável pelo caso, José Carlos Fernandes, disse que a reconstituição não concluirá nada. Entretanto, alguns pontos estavam sendo esclarecidos. Na última sexta o delegado afirmou que houve pequenas divergências entre os depoimentos dos funcionários da unidade.
A equipe reconstituiu passo a passo do atendimento das três vítimas, desde a entrada na sala do exame até o atendimento no Pronto-Socorro e a morte.
O advogado da RMC contou que ainda é cedo para afirmar o que poderia ter provocado as mortes e disse que somente a divulgação do resultado dos exames nos materiais e nas vítimas é que poderá esclarecer o que ocorreu. A previsão é de que os primeiros resultados sejam divulgados após o Carnaval.
O diretor do Instituto de Criminalística (IC) de Campinas, Nelson Patrocínio da Silva, disse que o trabalho conta com a participação de médicos, enfermeiros e técnicos em radiologia. "Às vezes a reconstituição é complicada. O término dos trabalhos vai depender do número de versões que teremos", resumiu.
A Ressonância Magnética Campinas, empresa responsável pelo serviço na unidade médica, informou que aguarda a divulgação de resultados de análises feitas pelo Instituto Adolfo Lutz e pelo Instituto Médico Legal.
Saiba mais
Três pessoas, com idades entre 25 e 39 anos, morreram dia 28 após a realização de exames de ressonância magnética no hospital Vera Cruz. Após os óbitos, o setor foi imediatamente interditado por tempo indeterminado pela Vigilância de Saúde do município.
A primeira a passar mal foi Mayra Cristina Augusto Monteiro, de 25 anos, que fez o exame e foi liberada. Em casa, ela passou mal e teve de voltar para o pronto-socorro do hospital, onde morreu. As outras vítimas, Manuel Pereira de Souza, de 39 anos, e Pedro José Ribeiro Porto Filho, de 36 anos, morreram logo após a realização da ressonância. Todos realizaram o exame na cabeça e fizeram uso do contraste. Eles tiveram parada cardiorrespiratória.