Pela Copa, amigos colocam o pé na estrada

A paixão pelo futebol fez com que os bancários André Lopes, de Campinas, e Peter Frank, de Hortolândia, ambos com 35 anos, começassem uma busca incansável por leilões de veículos. Arrematar uma perua Kombi usada em uma cidade localizada a mais de 300 quilômetros foi o primeiro passo para a realização de um grande sonho: ver de perto a Copa do Mundo. Com tudo o que precisam a bordo, os dois torcedores pretendem rodar cerca de 4 mil quilômetros para cruzar nove estados e assistir a sete partidas do Mundial. Para isso, a dupla investiu R$ 40 mil em estrutura, ajustes no veículo e ingressos. A aventura começa no dia 14 de junho no estádio Castelão, em Fortaleza (CE), no jogo entre Uruguai e Costa Rica, e vai até a final no Maracanã.“A ideia vem desde 2007, quando o Brasil foi escolhido pela Fifa para ser a sede da Copa de 2014. Primeiro, pensamos em fazer um esquema de mochilão, depois, surgiu a ideia de alugar um motorhome e, no fim, achamos a Kombi em um leilão. A arrematamos por R$ 12 mil e gastamos mais uns R$ 10 mil preparando os detalhes. Só para lavar a perua e tirar toda a terra que estava nela, gastamos uns R$ 500”, brinca Lopes. O veículo foi comprado na cidade de Olímpia (SP) e, agora, está equipada com geladeira, fogão e colchonetes.Para aliviar o bolso, a dupla conseguiu patrocinadores que estampam suas marcas na lataria do veículo pronto para partir. “Temos uma estrutura capaz de atender as nossas necessidades durante o período da Copa. Durante a noite, vamos pernoitar em lugares onde seja mais seguro ficar. Em algumas cidades do Nordeste, pensamos em acampar”, adianta Lopes. Conforme foi feita a divulgação da viagem, algumas pessoas já ofereceram ajuda e indicaram conhecidos e parentes que podem estender a mão para os torcedores em caso de alguma necessidade.Além de Fortaleza e Rio de Janeiro, os jogos serão vistos, alguns da arquibancada dos estádios e outros por telões nas vizinhanças, nas cidades de Natal (RN), Recife (PE), Salvador (BA) e Belo Horizonte (MG).Os torcedores criaram o site www.nacopadekombi.com.br no qual contam toda a sua história. Ali e também em uma página criada no Facebook e em um canal no YouTube, os dois prometem colocar informações, fotos e vídeos produzidos durante a viagem. O objetivo é mostrar o clima de festa pelo caminho e também orientar quem vier para as mesmas cidades.“Percebemos que não existe um roteiro definido para conhecer o Nordeste por via rodoviária. Então, vamos usar essa nossa experiência para divulgar essa alternativa de trajeto. Se um restaurante é bom ou não, por exemplo. São dicas sobre os lugares e o que as pessoas podem encontrar em cada cidade. O objetivo é reunir informações para que outros torcedores possam se orientar. É uma viagem que pode ser feita até depois do Mundial”, diz.Ao mesmo tempo, os dois esperam não se deparar com algum protesto contrário à competição. “Nós entendemos que essa questão dos protestos ficou mais forte no Sudeste. Estamos um pouco apreensivos em relação a Belo Horizonte e o Rio de Janeiro, mas confiamos que a estrutura ao redor dos estádios garanta o espetáculo. Nós estamos apreensivos sim, mas não acho que teremos problemas. Seleção é uma coisa que muda as pessoas. A gente começa a respirar diferente. Minha opinião é que as pessoas vão entrar no clima”, avalia Lopes.O curioso é que os primeiros quilômetros percorridos pela Kombi serão em cima de um caminhão-cegonha. Lopes e Frank vão a Fortaleza de avião e pegarão o veículo na cidade dias antes da partida que pretendem assistir. Depois disso, a dupla garante que vai encarar apenas o asfalto e os gramados da Copa.MARATONAA maratona começa com a partida dos uruguaios contra a Costa Rica, no Castelão, em Fortaleza. Em seguida, os amigos assistirão à Seleção Brasileira, também na capital cearence, contra o México. A caravana segue em direção a Natal para o duelo entre Japão e Grécia no belo, mas forte candidato a elefante branco, Estádio das Dunas.Uma das partidas das oitavas de final será acompanhada em Recife, na Arena Pernambuco. O próximo passo é em Salvador, em um dos jogos das quartas de final na modernizada Fonte Nova. Mesmo sem ingressos, os amigos Lopes e Frank vão a Belo Horizonte assistir dos telões uma das semifinais no dia 8 de julho. A viagem chega ao fim com o coração batendo mais forte e milhares de quilômetros rodados na final no Rio de Janeiro, em 13 de julho.