Indiferente a sua religião, você entende o conceito do que é pecado: desobedecer a lei da vida e fazer egoisticamente o que bem entende sem levar em conta os outros e suas consequências. Indiferente a sua religião, você sabe que o pecado é o contrário da virtude. Ou melhor, era. Parece que hoje este comportamento “pecador” é virtude na cultura atual. Tanto que os 7 pecados originais ( que deveriam ser evitados) são as grandes estrelas do contemporâneo. Provas? Entre numa rede social. Orgulho e vaidade são os ingredientes chaves desta sociedade individualista. A gula é a maior ambivalência: por um lado é a maior sombra da humanidade dedicada a conquista do corpo sarado, por outro é o maior trunfo dos que podem consumir a chamada alta gastronomia e despertar a inveja (e não a admiração) de quem não compartilha do mesmo privilégio. Sim, inveja, chegamos a protagonista de muitas tragédias na história da humanidade, que desperta a ira e leva o autocontrole para longe, e que hoje é um sentimento alimentado em livre demanda. “Morram de inveja”, é frase usada até em tom de brincadeira, mas toda brincadeira, bem, você sabe...o ditado diz. Explorar é um verbo corriqueiro. E está ligado a luxúria, a ideia de ser possível experimentar todas as formas de prazer. O objetivo: preencher algo, um lugar vazio, ainda que momentaneamente. E sem parcimônia. A ideia é a liberdade, que no hoje, acaba no oposto, na escravidão da repetição, reforçado pela liberação indiscriminada do fazer o que se tem vontade. Aparentemente não existe pecado no lado de lá e de cá da nossa modernidade líquida. O conceito de Baumann é duro e real: somos sem corpo , sem sentido e sem limites, para que tudo e todos possam tomar a forma que convir no momento presente...até a próxima onda. Lembrando que a onda atual é rasa : leva o corpo direto para a areia, que machuca o corpo , o ser, e faz sentir dor. Se sentir e deixar cicatrizar é virtude. Agora, se não arder...pois é..