Daleste foi atingido cerca de 10 minutos após o início do show, às 22h40 do sábado (6)
A Polícia Civil de Campinas montou uma força-tarefa para investigar o assassinato do funkeiro Daniel Pellegrini, de 20 anos, o MC Daleste, morto na madrugada de domingo após ser baleado durante um show em Campinas. O inquérito foi aberto nesta segunda-feira (9), quando a polícia iniciou o trabalho de análise de imagens e oitiva de testemunhas presentes no show. Os familiares da vítima também serão ouvidas esta semana. Entre as principais linhas de investigação, a polícia trabalha com as hipóteses de crime passional e de desavença com os organizadores do show. O cantor foi enterrado na segunda-feira no cemitério da Vila Formosa, em São Paulo.
Três delegados, além de policiais e investigadores estão envolvidos no caso. De acordo com Rui Pegolo, delegado do setor de homicídios que vai presidir as investigações, através das informações preliminares da Polícia Civil, do Instituto Médico Legal (IC) e do Instituto de Criminalística (IC) algumas hipóteses já foram levantadas.
A primeira é que o atirador provavelmente estava sozinho e a uma distância de aproximadamente 25 metros do palco. O tiro partiu da esquerda para a direita e a arma estava a uma altura, em relação ao solo, de 1,70 metro. “A vítima faleceu em virtude de um tiro que transfixou o corpo, entrando pelo seu abdome esquerdo, saindo pelas costas”, disse.
De acordo com o delegado assistente da Delegacia Seccional de Campinas, Oswaldo Diez, foram realizados pelo menos dois disparos pelo assassino, mas testemunhas afirmaram ter ouvido três disparos.
Pela distância com que o tiro que acertou MC Daleste, a polícia também afirmou se tratar de um atirador experiente. “Não estamos lidando com alguém que tenha atirado pela primeira vez”, afirmou Diez.
O calibre da arma ainda não foi identificado pela polícia, já que os projéteis não foram localizados. “Foram feitas diligências no local, inclusive hoje, mas até o momento não conseguimos encontrar o projétil”, disse o delegado.
Foto: Reprodução O funkeiro Daniel Pellegrini, o MC Daleste, de 20 anos, morto no palco
Motivação
Uma informação que chegou para a polícia foi de que o criminoso usava luvas e filmava o show, quando sacou a arma e fez o disparo. O delegado afirmou também que a arma possivelmente era de calibre maior, como 9 milímetros ou 357. Questionado sobre o calibre .40, usado pela polícia, os delegados disseram que normalmente os projéteis desse tipo de arma ficam no corpo da vítima.
Sobre o possível envolvimento de policiais ou a participação de grupo de extermínio, Diez afirmou que até o momento não tem essa linha de investigação.
Sobre o que teria motivado o crime, a polícia não descarta nenhuma hipótese mas trabalha com duas principais linhas de investigação. Uma delas é de crime passional, já que a vítima durante os shows era assediado pelas fãs, o que poderia ter despertado ciúme. “Estamos levantando se ele teve alguma relação com uma menina de Campinas e que o namorado dela tenha tomado conhecimento. Há uma notícia dessa que será checada profundamente”, disse Pegolo. A outra linha de investigação é de alguma briga por conta do show. Segundo o delegado, teria havido um desacerto entre o cantor e os organizadores do show, por conta do número de músicas que MC Daleste cantaria.
A polícia também investiga uma série de informações que foram passadas por testemunhas, como um carro vermelho que teria dado fuga ao criminoso. Além disso, agendou para quarta-feira o depoimento de uma pessoa que fotografava o show e realizou imagens segundos antes do disparo e que poderá ajudar nas investigações.
Os delegados ainda estão em busca de uma pessoa que, em uma das filmagens, é ouvido afirmando a frase “vai morrer”. “Estamos checando as informações e separando as que têm fundamento”. Como o cantor realizou outros shows em Campinas e na região, a Polícia está levantando se houve algum desentendimento durante esses eventos. Também não descarta a possibilidade de que o criminoso tenha vindo de São Paulo. Segundo Diez, os laudos do IC e do IML devem ficar prontos em até dez dias. Ontem, a polícia começou a ouvir testemunhas que participaram do show e está identificando os responsáveis pela organização.Mais testemunhas devem ser ouvidas hoje e ao longo desta semana, inclusive os familiares do cantor. A polícia quer traçar o perfil da vítima e saber se ele vinha sofrendo ameaças. MC Daleste foi enterrado na manhã de ontem, no Cemitério da Vila Formosa, em São Paulo.
A Secretaria de Urbanismo da Prefeitura adiantou que o evento não tinha alvará e que assim que os responsáveis forem identificados vai verificar que medidas cabíveis poderão ser tomadas.