ABANDONO

Patrimônio pede socorro em Campinas

Antiga sede de fazenda tombada é usada como esconderijo para o consumo de drogas

Patrícia Azevedo
patricia.azevedo@rac.com.br
12/09/2013 às 11:21.
Atualizado em 26/04/2022 às 02:05

Espaço é invadido pela vegetação, serve de depósito de entulhos e de esconderijo para craqueiros (Érica Dezonne/AAN)

As ruínas da antiga sede da Fazenda Jambeiro, construída em 1887, chamam a atenção do visitante que passeia pelo Parque Jambeiro, em Campinas. Mas, além do abandono que toma o lugar, tombado como patrimônio histórico pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e Cultural de Campinas (Condepacc), a situação do local também está trazendo riscos para os moradores do entorno. A falta de projetos e de cuidados com o patrimônio, segundo os vizinhos, tranformaram o local em reduto de usuários de drogas, levando insegurança para a área.Quem mora no bairro não se sente seguro em circular pelas imediações ao anoitecer. “Virou um motel e um esconderijo para craqueiros e marginais. Os assaltos e furtos às casas são constantes. Todo mundo tem medo de passar por aqui”, afirmou um dos moradores que vive próximo às ruínas, e preferiu não se identificar.Pouca coisa restou da sede da fazenda e as ruínas da construção foram tomadas pela vegetação. Um passeio pelo espaço durante o dia revela detalhes do problema: roupas, colchões e muito lixo estão espalhados pelas ruínas. O que sobrou da construção está tomado por pichações. A falta de projetos e cuidados está fazendo com que o local se transforme em um grande depósito de entulho. Vários despejos irregulares foram feitos no local nas últimas semanas. “É um abandono total com o patrimônio. Uma das árvores tombou já faz muito tempo e continua ali”, disse o encarregado de negócios Ari Donizete.Donizete conta que os moradores de sua rua sofrem com a sensação de insegurança. Ele disse que adota uma série de cuidados para entrar ou sair de casa. “Nós da rua contratamos segurança particular e tomamos cuidado para sair de casa. E minha casa já foi assaltada”, disse. BelezaApesar da precariedade e aparente abandono, as ruínas do patrimônio campineiro são motivo de orgulho para muitos moradores, que enxergam o seu potencial turístico. “A Prefeitura está melhorando a lagoa (no Jambeiro), poderia fazer algo nesse terreno e explorar essa beleza, o bairro iria ficar lindo”, comenta a assistente social Maria Rita Souza, que mora em um bairro vizinho. O local é palco de vários ensaios fotográficos e faz parte da história da cidade e do bairro. “É uma pena que nada disso seja aproveitado”, afirmou o funcionário público Rubens Silva. Sem planosA fazenda teve 20% dos 72 mil metros quadrados tombados pelo Condepacc em 1993. Esse espaço tombado acabou indo para a Prefeitura em doação, como área de praça do loteamento. O conjunto arquitetônico em ruínas é completado por um bosque com 32 figueiras.O Condepacc informou que não existe no momento um projeto de restauração ou reforma para o espaço, já que para isso seria necessário um apoio da iniciativa privada. O Departamento de Parques e Jardins (DPJ) informou que iniciou na sexta-feira passada uma limpeza na área, que prossegue durante esta semana.Saiba mais A Fazenda Jambeiro faz parte de uma sesmaria adquirida pelo ituano tenente José Rodrigues Ferraz do Amaral. Esta sesmaria, conhecida como latifúndio Sete Quedas, recebeu novas terras em 1803, 1807 e 1816, nele se instalando lavouras de cana e engenhos de produção de açúcar. A vastidão do latifúndio permitiu, nas décadas seguintes, a divisão em várias fazendas, entre elas: a Sete Quedas, Cachoeira, Pedra Branca e Jambeiro. A primeira proprietária, que abriu e formou o Sítio Jambeiro (depois Fazenda Jambeiro), foi Thereza Miquelina do Amaral Pompeu de Camargo, produtora agrícola de cana e de café.

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