ig-carlo-carcani (AAn)
Alexandre Pato é uma estrela do futebol. Já jogou no Milan, já vestiu a camisa da Seleção Brasileira, já jogou no Corinthians e hoje está no São Paulo. Ninguém faz tudo isso sem ter muita qualidade. Mas, infelizmente, ele dá sinais de que não pretende fazer aquela misturinha mágica de talento e suor, capaz de transformar atletas de potencial em grandes ídolos. O desinteresse de Pato pela própria carreira é assustador. À distância, tenho a impressão de que o fato de estar muito rico com apenas 25 anos tenha tirado dele a vontade de competir, de ser um craque, de transformar seu talento em grandes apresentações. Na derrota de domingo para a Ponte Preta, Pato mais uma vez mostrou que não tem comprometimento nenhum com a camisa que veste. Além de ter feito uma péssima apresentação, mostrou que não está nem aí com nada mesmo depois do apito final. Ainda no gramado, Pato foi questionado sobre o pífio desempenho da equipe — que graças a Rogério Ceni escapou de ser goleada pela Macaca — e respondeu da seguinte forma: “Tomamos o gol no final e foi difícil fazer outro”. Como a Ponte marcou seu gol aos 13’ do 1º tempo, a frase de Pato não faz o menor sentido. Pode ter sido um engano, mas não deixa de ser um sinal de como ele estava desconcentrado. Nos bastidores do Morumbi, corre a informação de que no vestiário, enquanto vários jogadores lamentavam a derrota, ele estava brincando com o celular. Pato passa essa imagem nas atuações e nas entrevistas, quase sempre desinteressadas. É um desperdício de talento, já que se trata de um jogador muito bom. A Seleção anda à procura de um atacante e Pato, aos 25 anos, poderia ser o dono da camisa 9, num momento tão carente de craques no futebol brasileiro.Se o futebol de salários milionários anda recheado de jovens tão acomodados, no atletismo tivemos, nesse final de semana, uma demonstração de superação e amor ao esporte. O fundista Douglas Miguel Nascimento, da Orcampi, perdeu sua sapatilha durante a disputa dos 3.000 metros com obstáculos no Troféu Brasil de Atletismo.Suas chances de obter um bom resultado terminaram ali. Ele perdeu o foco por alguns instantes e poderia ter abandonado a prova. Seria uma decisão normal para qualquer fundista que ficou descalço em uma prova com essas características. Mas Douglas não fez o normal. Correu o quilômetro final com um pé descalço. Sofreu um corte no pé, enfrentou a água gelada do fosso e completou a prova em 9º lugar. Longe do pódio. Sem milhões na conta bancária. Mas com um espírito esportivo do qual Vanderlei Cordeiro de Lima, dono do instituto que formou Douglas, poderá se orgulhar. Um exemplo para todos.