Nos três primeiros meses de 2013, 2.799 trabalhadores sofreram acidentes; um morreu
O setor de metalurgia básica foi o que mais registrou acidentes em Piracicaba (Divulgação)
Uma passeata protesta nesta sexta-feira (26) contra os acidentes de trabalho, que vitimaram em Piracicaba — no primeiro trimestre deste ano —, 2.799 pessoas e uma morreu. A mobilização ocorre a partir das 9h em frente à praça próxima ao Ministério do Trabalho, na rua Boa Morte.
O evento é coordenado pelo Conselho das Entidades Sindicais de Piracicaba (Conespi) e é alusivo ao Dia Internacional em Memória dos Trabalhadores Vítimas de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, que é lembrado no dia 28 de abril.
Dados do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), com base no sistema de Diagnóstico e Vigilância de Acidentes de Trabalho (Sivat), indicam que em todo o ano passado, ocorreram 10.093 acidentes de trabalho, com seis mortes. Houve uma redução se comparado aos dados de 2011, quando foram registrados 10.208 acidentes e oito mortes.
Neste ano, o mês de março foi o que teve maior número de registros: 966. Em janeiro foram 907 e, em fevereiro, 926.
O setor que mais causa vítimas é a metalurgia básica, desde que a série de acidentes de trabalho começou a ser analisada pelo Cerest, em 2004. Naquele ano, foram 5.456 ocorrências no total, com cinco acidentes fatais, sendo 1.199 casos na área da metalurgia, com duas mortes. Em 2012, nesse setor foram 2.364 acidentes de trabalho e duas mortes.
Em 2013, de janeiro a março, essa atividade teve 704 acidentes. O trabalhador que morreu nesse período foi do setor de reciclagem, que teve um total de 40 ocorrências nesse trimestre.
Os dados indicam ainda que, em 2004, a Construção Civil era o segundo setor com maior número de casos registrados. chegou a ocupar a quinta e quarta posições, mas nos últimos dois anos, tem ficado na terceira colocação. O setor de comércio por atacado e representantes comerciais e gentes do comércio ocupa agora a segunda posição. Em 2012, nessa área da economia, foram 1.198 acidentes de trabalho, com uma morte.
A maior quantidade de acidentes de trabalho ocorreu em 2008, com um total de 11.174 ocorrências e seis mortes.
Repúdio
De acordo com o presidente do Conespi, Fânio Luis Gomes, “apesar de todos os avanços tecnológicos, vividos neste início de novo século, os acidentes de trabalho continuam ocorrendo, por inúmeros motivos, desde metas abusivas, pressão sobre o trabalhador, falta de equipamentos coletivos e individuais, máquinas obsoletas e pela falta de treinamento do trabalhador. Além disso tudo, muitos empresários, ainda, colocam seu interesse de lucrar em detrimento da vida do seu funcionário”.
No Brasil são quase quatro mil mortes por ano em decorrência de acidentes de trabalho. Para o presidente do Conespi, o ato de hoje, além de repudiar a situação, busca conscientizar os trabalhadores para que denunciem ao seu sindicato “toda situação que venha expor sua vida a risco”, enfatizou.