Entidade corre o risco de encerrar suas atividades em função da falta de recursos para quitação de compromissos
Pais de alunos da Associação de Amigos dos Excepcionais (Apae) marcaram para esta quinta-feira (18), uma manifestação no Centro da cidade para mostrar a situação financeira delicada da entidade. O ato, com concentração marcada para as 15h, na Esplanada do Pedro II, pretende chamar a atenção do poder público, sociedade e imprensa. A intenção é caminhar até o Palácio Rio Branco, sede da Prefeitura e, depois, até a Câmara Municipal.
A Apae de Ribeirão Preto tem um mês para conseguir R$ 1,3 milhão. Sem esse valor, o funcionamento da entidade, já em agosto, está ameaçado. De acordo com a direção da entidade as verbas públicas repassadas são insuficientes para manter os atendimentos e isso causou um grande déficit nos últimos tempos e dívidas referentes a ações trabalhistas e atraso de pagamento de funcionários.
Os funcionários chegaram a fazer greve e um acordo foi estabelecido, mas salários e benefícios voltaram a sofrer atrasos em função da falta de recursos. Vários eventos foram realizados, entre eles um leilão com a expectativa (não alcançada) de arrecadar R$ 1 milhão. Também parcerias foram firmadas na tentativa de cobrir o déficit, mas não foram suficientes.
A associação também entregou ao Ministério Público um documento explicando as dificuldades financeiras e marcou uma reunião para o próximo dia 20 com promotores, vereadores, deputados e pessoas ligadas à instituição.
Quase 900 atendidos
A Apae-RP tem 47 anos de trabalho. Atende atualmente 420 pessoas com deficiência intelectual, na entidade, e ainda presta atendimentos a alunos do Egydio Pedreschi e Cantinho do Céu, somando cerca de 880 pessoas atendidas. A entidade assiste desde bebês até idosos com deficiência intelectual. As pessoas atendidas dependem de técnicas, equipamentos e recursos humanos especializados para que haja inclusão social; melhoria na qualidade de vida e até mesmo manutenção do quadro clínico, que em alguns casos representa até o próprio direito à vida.
A entidade conta hoje com mais de 160 profissionais. Há atividades rotineiras que implicam nas trocas de fraldas, nas transferências da cama para a cadeira de rodas ou vice-versa, nos serviços de alimentação, de vestir, de calçar, na administração de medicamentos. Existem os serviços especializados de fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia, assistência social, médica, enfermagem, odontologia, nutrição, pedagogia. Para favorecer o acesso ao atendimento especializado, a entidade oferece transporte e fornece alimentação. Serviços administrativos e de apoio compõem o trabalho realizado.
O custo para cada pessoa atendida é diretamente proporcional ao nível de dependência perceptivo-sensorial, intelectual e funcional, que direciona as atividades e os atendimentos a serem desenvolvidos. O orçamento para a execução dos atendimentos é formado por cerca de 60% de recursos públicos e 40% de recursos próprios (alcançados com a participação de pessoas físicas e jurídicas do município).
Pela terceira vez consecutiva, a Apae conquistou o Prêmio Marca de Confiança, obtendo 88% dos votos da categoria Ong na pesquisa realizada pela Revista Seleções em parceria com o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope).