Acabo de ler o livro: "Paróquia Renovada: sinal de esperança", escrito por Dom Edson Oriolo e, publicado pela editora Paulus, em 2017. Trata-se de um livro muito importante para os dias atuais. O livro está dividido em cinco capítulos, a saber: I. a Revitalização das Paróquias, II. Paróquia: lugar de transmissão da fé, III. A Paróquia e a nova Evangelização, IV. A paróquia nas intuições dos pronunciamentos do Papa Francisco, V. homilia na Contemporaneidade. Em todos esses anos consegui combinar os estudos (como professor universitário) com a vida pastoral. A minha área de estudos (teologia moral e filosofia) está profundamente conectada com a vida pastoral, gerando uma relação simbiótica entre elas. Desse modo uma contribui com a outra respeitando suas esferas epistemológicas e práticas. Sempre obediente aos senhores bispos que administraram a Arquidiocese de Campinas, fui designado pároco da Paroquia São Geraldo Magela (1983-1987 e 1994-1999), Nossa Senhora da Evangelização (1999-2013) e São Pedro Apostolo (2013). Segundo Dom Oriolo, "a antiga e venerada estrutura da paróquia tem uma missão imprescindível e de grande atualidade; iniciar e congregar o povo na normal expressão da vida litúrgica; conservar e reavivar a fé das pessoas de hoje; oferecer-lhes a doutrina salvadora de Cristo; realizar pelo coração e pela prática da caridade as obras boas e fraternas (Paulo VI, discurso ao clero de Roma, de 24 de junho de 1963). O Código do Direito Canônico consagra às paróquias, párocos e vigários paroquiais o capítulo VI do título III Sec. II, num total de 38 cânones (512-552). Segundo o código de 1983, "a paróquia é uma determinada comunidade de fiéis, constituída de modo estável na Igreja particular, cujo cuidado pastoral, sob a autoridade do bispo diocesano, se entrega a um pároco, como pastor próprio" (CDC 515 & 1.). Segundo, Dom Oriolo, dá-se agora, relevo a quatro critérios a paróquia: 1) representa a Igreja universal, 2) é uma parte da Igreja diocesana, 3) é uma comunidade de fiéis e 4) desenvolve uma ação pastoral básica. Na perspectiva teológico-pastoral atual as paróquias constituem-se numa rica rede de comunidades, que se interagem, se auto educam, enriquecendo-se com as novas tecnologias que possibilitam ir até as pessoas que mais precisam promovendo uma verdadeira cultura do encontro, com ousadia e criatividade. Dom Oriolo, para falar sobre a fraternidade dos fiéis, cita o livro Atos dos Apóstolos (At 2, 42-45). Esta passagem mostra a perseverança na fração do pão, nas orações e no ensinamento dos apóstolos. Trata-se de uma comunidade fraterna que repartiam o pão segundo as necessidades de cada um. Na exortação apostólica "Evangelii Gaudium", n. 28, Papa Francisco afirma: "A paróquia não é uma estrutura caduca; precisamente porque possui uma grande plasticidade, podendo assumir formas muito diferentes que requerem a docilidade e a criatividade missionárias do Pastor e da comunidade. Embora não seja certamente a única instituição evangelizadora, se for capaz de se reformar constantemente, continuará a ser a própria Igreja que vive no meio das casas dos seus filhos e das suas filhas. Isso pressupõe que esteja realmente em contato com as famílias e com a vida do povo, e não se torne uma estrutura complicada, separada das pessoas, nem um grupo de eleitos que olham para si mesmos (EG 28). A partir da minha experiência, posso afirmar que a paróquia representa um espaço maravilhoso de acolhimento, celebração, educação moral, comprometimento social e abertura ao mundo. Hoje mais do que nunca, a paróquia é um ambiente fraterno para aprender e ensinar, conviver e amar, celebrar e ajudar-se mutuamente entre irmãos. É muito bom quando alguém está vinculado a uma comunidade paroquial. Trata-se da sua segunda família! Somos amigos, estamos unidos na alegria e na dor. Sou muito grato a todas as pessoas que participam e colaboram com nossas paróquias. A sua abertura local e global (Igreja em saída) nos faz mais fraternos nas inquietações próprias de um mundo em transformação constante. Nesses anos todos aprendi a amar as pessoas e ser amado por elas. A gratidão é imensa! Problemas existem, é verdade, mas estamos confiantes! Não existe paróquia boa ou ruim. Todas são excelentes! Claro que depende do pároco, maestro maior, coordenar os trabalhos pastorais com inteligência e criatividade, aproveitando todos os recursos tecnológicos que a vida moderna oferece. Em tempos de COVID-19, as paróquias precisam se reinventar. É preciso ampliar as ações sociais de solidariedade, aprofundar a inserção nas redes sociais e descobrir formas de ser eficaz num mundo em constante mutação. A contribuição das paróquias na formação moral, discernimento social, educação da consciência crítica, fortalecimento da vida espiritual, ganha destaque em tempos difíceis. Os desafios são imensos, mas a coragem para manter a tradição, inovar com criatividade e, ousar com profecia, são perspectivas que a realidade exige. José Trasferetti, padre, é doutor em filosofia e teologia. Professor titular da PUC-Campinas e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Teologia Moral.