A diversidade social contempla hoje casais inusitados e curiosos. O mundo contemporâneo tem essa abertura cultural interessante, desbravando horizontes para o amor e o erotismo, desafiando preconceitos e convenções vetustas e enferrujadas.Ao tempo em que surgem os pares bizarros, proporcionalmente temos um enorme manancial de opiniões e palpites, poucas vezes bem intencionados. Fofocas e especulações maldosas são infelizmente comuns. Por outro lado, sejam por inspirações românticas idealizadas ou por conta de espíritos generosos, há muita gente que procura extrair valores éticos e afetuosos dessas relações incomuns.Vejamos algumas e seus entornos opinativos.A mãe, inconformada com o primeiro aniversário da relação que o filho iria comemorar, comentava: “ele tem menos de 30 anos e namora uma mulher de 40, separada, com 2 filhos, acho que não dará certo”... Na reunião festiva, depois de conhecer a “nora”, ficou bem impressionada com ela e com a educação das crianças. Ao final, já foi dizendo: “Nossa, ela é tão moça, parece que tem menos de 30”...Noiva de origem judia e noivo de credo cristão criaram um magnífico cerimonial ecumênico, um casamento caprichado e suntuoso que deslumbrou os convidados. Mas houve um rumor sugerindo que a família do rapaz era um exemplo de novos ricos, que eles se interessaram em juntar-se aos judeus para fortalecer o patrimônio, não pelo matrimônio...Os casais gays já não têm grande força insólita, não mais representam excentricidade. Com a efetivação legal e o reconhecimento da estabilidade do relacionamento em muitos países, restariam estranheza e afronta apenas nos locais em que seguem discriminados e proibidos.Um casal de homossexuais femininas, que vive em local que não permite o matrimônio gay, assiste a um filme. A história mostra duas lésbicas que viviam em época que não podiam casar e recorreram a uma adoção legal, fingindo-se de mãe e filha. Imediatamente, como havia quinze anos de diferença etária entre as duas expectadoras, elas começaram a planejar uma simulação igual.Uma mulher e um homem, ambos homossexuais e muito amigos, acompanhavam mutuamente seus relacionamentos com parceiros casuais e tentativas de estabilização com alguns candidatos a companheiros. Tanto ela quanto ele jamais foram felizes com os pretendentes. Em uma das muitas conversas amigas, eis que eles decidem experimentar uma convivência estilo casamento sem sexo, com abertura bilateral para parcerias eróticas. Depois de 3 anos nessa experiência, observaram que estavam aumentando a intimidade espiritual, aprofundavam-se na amizade, raramente saiam com parceiros e, para atender a libido, preferiam se masturbar.Homem jovem, branquelo, esguio, de olhos bem azuis, recém graduado em curso superior e de classe média alta casa-se com mulher madura, quatorze anos mais velha, afrodescendente de pele retinta, com sobrepeso, escolaridade fundamental e de classe média baixa. O impacto dessa relação interracial e intersocial causou verdadeira comoção no templo em que o casal era abençoado. Muitos penetras se infiltravam entre os convidados, sussurros pontuavam que ele mais parecia pajem do que noivo, especulando sobre como os dois teriam vencido as diferenças. A hipótese mais ouvida era a de que ela, crente fervorosa, perdeu a virgindade com ele, e isso o impressionara muito favoravelmente, como se nunca mais ele fosse encontrar outra virgem...De outro ângulo, sucedem-se casamentos modelares, os príncipes europeus renunciam ao solteirismo, resgatando o apelo romântico tradicional. Na realeza britânica, no entanto, é onde temos a mais instigante relação extraordinária: a do príncipe Charles e Camilla.A duração do relacionamento é respeitada como o aval do bom envolvimento. Nem sempre – há relações úteis, cônjuges dependentes.Aspectos raros e impactantes são ambivalentes: ora demonstram o heroísmo dos protagonistas - eles se amam porque superaram preconceitos; ora os define como prosaicos ou até piores do que os comuns - cederam a conveniências.O amor é a inspiração e o esteio dos melhores vínculos, mas não podemos negar que os interesses estão sempre implícitos, e nem aceitar que sejam prioridades.Quero lembrar aos leitores do nosso Grupo de Estudos do Amor (GEA). No site www.blove.med.br, cliquem GEA. Ou procurem em http://www.anggulo.com.br/gea/eventos.asp. Informem-se sobre os eventos e programações.Também aos acostumados a ler meus artigos publicados no jornal impresso que me perguntam se parei de escrever, informo que estou aqui, no “Correio.com”. Alguns textos impressos eu tenho revisto e atualizado, às vezes preservando o título, como neste de hoje.