Pedreira desativada, de até 60 metros, é usada para desafiar limites esportivos verticais
Formação rochosa como uma das melhores do Estado para a prática da escalada esportiva (Dominique Torquato/ AAN )
A pedreira do Jardim Garcia, em Campinas, vem se estabelecendo ao longo do tempo como um dos pontos preferidos dos alpinistas para a prática de escalada urbana. O local, muito explorado no passado para a retirada de basalto, hoje é um reduto dos aventureiros de plantão, que apontam a formação rochosa como uma das melhores do Estado para a prática da escalada esportiva.
O paredão do Garcia, que pode chegar a 60 metros de altura em alguns pontos, possui graus de dificuldade que agradam de iniciantes até os mais experientes.
Segundo relatos de alpinistas que estudam o esporte no mundo, os primeiros escaladores a desafiar a pedreira campineira abriram as primeiras vias em 1988. As vias são os caminhos seguidos por um escalador até o topo. Eles se tornam roteiros para quem faz a escalada.
Para abrir uma via, alguém de baixo, escalando, ou de cima, por meio de rapel, instalou os pinos — uma espécie de argola de aço — que dão suporte ao escalador.
Cada via uma recebe um nome, geralmente escolhido por seu desbravador. Algumas têm nomes bastante engraçados, como Linha Vermelha, Fendolândia, Expressolândia, Cocalzinho, Cacaio e São Piton.
Os nomes também podem sugerir o que o alpinista que fazia o trajeto pela primeira vez pensou ou passou durante a escalada. Como explicar, por exemplo, a via batizada de Estressante, ou a via Homem Cobra?
Os alpinistas urbanos da pedreira também podem escolher subir pela Lactante e pela Calangocídio, essa última, segundo alguns praticantes, tem grau 6 de dificuldade e requer atenção e uma boa leitura para uma subida segura. Com boas agarras, é preciso de certa destreza para poder alcançá-las.
A maioria das vias, e as mais difíceis, garantem os alpinistas urbanos, passou a ser aberta em 2003, quando se intensificou a escalada na pedreira. Na internet, é possível encontrar sites com os croquis dos caminhos, que são uma espécie de mapa que guia os alpinistas até os lugares com potencial de escalada. Esses croquis de escalada podem ser encontrados em sites na internet.
O engenheiro agrônomo Adilson Penariol, de 46 anos, afirma que descobriu a pedreira do Jardim Garcia em 2008, levado por amigos, quando se mudou para Campinas. “Ali passou a ser ponto certo para a prática do esporte”, disse.
As escaladas esportivas acontecem com um única corda até o ponto final e graus de dificuldade que variam do 5º ao 9º grau na pedreira, em uma escala que vai do 4° ao 10º grau. “Existem opções para todos os tipos de escaladores, desde iniciantes até os mais graduados”, disse.
A localização da pedreira do Garcia é um dos principais atrativos, especialmente para os alpinistas da região. “Na maioria das vezes consumimos o dia ou até o final de semana todo para chegarmos a locais de escalada. Já a pedreira está localizada dentro da cidade, e é possível explorar duas ou três vias em um final de tarde.”
Segurança
Mas na escalada, não é apenas a adrenalina que move os praticantes. O tema obrigatório antes de iniciar qualquer subida é a segurança.
“É fundamental utilizar todos os equipamentos de segurança e nunca estar sozinho. Quando um colega se prepara para escalar, os companheiros fazem a checagem para saber se colocou da forma correta e segura”, disse Penariol, que também já fez alpinismo em países da América do Sul e Grécia.
Vitor Donizeti Naves tem 30 anos e é confeiteiro. Mas nas horas vagas, deixa os bolos e tortas de lado e encara as cordas e mosquetões. Apesar de ser um novato na escalada, Naves já tem um currículo de fazer inveja. Em um ano e meio de alpinismo, ele diz que já explorou o paredão do Jardim Garcia até a graduação 7.
“Em Campinas é o melhor lugar”, enfatizou. Também já se aventurou em escaladas no Rio de Janeiro, São Bento do Sapucaí (SP) e Andradas (MG). “É um esporte que veio para tomar o lugar de todos os outros. Uma coisa que a gente começa a gostar e quer cada vez mais um desafio.”