ENTREVISTA

Parceiros, Ná Ozzetti e Zé Miguel Wisnik, enfim, lançam disco

CD 'Ná e Zé', lançado pela Circus Produções, traz 14 canções compostas por Zé Miguel entre 1978 e 2014, sendo oito inéditas; confira o bate-papo dos músicos com o Caderno C

Marita Siqueira
27/04/2015 às 16:05.
Atualizado em 23/04/2022 às 15:22

A cantora Maria Cristina Ozzetti, ou melhor, Ná Ozzetti, e o pianista e compositor José Miguel Wisnik uniram talentos numa parceria que já dura de 30 anos, mas que só agora se concretizou em um disco. 'Ná e Zé', lançado pela Circus Produções, traz 14 canções compostas por Zé Miguel entre 1978 e 2014, sendo oito inéditas. Entre elas, poemas musicados de Paulo Leminski, Fernando Pessoa, Cacaso e Oswald Andrade. De Leminski também nasceu duas faixas em parceria com Zé. O álbum tem ainda as participações de Arnaldo Antunes e do maestro Letieres Leite no arranjo e arregimentação de sopros em 'Noturno do Mangue'; de Marcelo Jeneci em 'Orfeu'; de Gui Amabis em 'Sinais de Haikais', e de Tiago Costa nos arranjos de sopros e cordas de 'Sim, Sei Bem'. Resultado: um disco refinado com sonoridade doce e músicas elaboradas. Sobre ele, Ná conversou com o Caderno C. Caderno C — Das 14 canções, oito são inéditas. Foram compostas especialmente para esse trabalho ou estavam guardadas a espera do momento ideal? Ná Ozzetti — Das inéditas, a maior parte são canções que cantávamos quando nos conhecemos e que nunca foram gravadas, como 'Alegre Cigarra', 'Louvar', 'Sinal de Batom', 'Tudo Vezes Dois', 'A Noite', 'Sinais de Haicais'... Também incluímos algumas que gravamos nos nossos primeiros discos solo e que são marcantes na nossa parceria como 'A Olhos Nus', 'Orfeu', 'Som e Fúria', e 'Subir Mais'. E complementando, incluímos canções compostas recentemente como 'Noturno do Mangue', 'Miragem', 'Sim, Sei Bem'. Havia já um repertório completo para o disco, com outras canções inclusive, que não pudemos incluir pois não couberam.Como surgiu a parceria com o Zé Miguel Wisnik? Quando tomei conhecimento das canções do Zé Miguel, em 1985, fiquei impressionada! Ali começamos uma relação muito forte de trabalho. O Zé é um compositor extraordinário, gigante. Gravar este disco agora foi um presente da vida. Fico muito à vontade ao cantar suas canções, sinto-me em casa.O fato do disco ter somente músicas dele, pressupõe que sua admiração pelo compositor. O que (ou como) a música dele te toca? Gosto de pensar que, independentemente da admiração que tenho pelas canções do Zé Miguel, minha voz gosta de cantá-las. Sinto uma cumplicidade natural entre minha voz e as canções. Acho que elas se entendem por si só. Além disso, suas canções, lindas, tão bem construídas e cheias de conteúdo e sentido, são o sonho de todo intérprete. Basta soltar um pouquinho a voz para que a beleza se instale.Quais as canções do disco que te encantam mais? Ou aquela que mais simboliza a primeira gravação da dupla? Difícil apontar uma canção. Gosto de todas. Cada uma me leva para um lugar específico. Gosto aliás do conjunto delas, com suas diferentes naturezas. Com relação às mais simbólicas posso citar 'A Olhos Nus', 'Tudo Vezes Dois', 'Alegre Cigarra' e 'Louvar', por exemplo.'Ná e Zé' é uma parceria que terá outros frutos ou a intenção é de apenas um projeto? Esta parceria está aí há 30 anos. Desde que nos conhecemos nos tornamos naturalmente parceiros, embora cada um esteja sempre envolvido com diferentes projetos. O que temos em comum, além da grande afinidade musical, é sermos múltiplos em nossas atividades artísticas. No momento vivo intensamente o lançamento deste disco. O que faremos depois, a vida dirá, e assim seguimos.

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