Doses

Paraíso para os boêmios

Marita Siqueira
02/04/2015 às 15:19.
Atualizado em 23/04/2022 às 17:38
Bar do Ramalho (Leandro Ferreira/ AAN)

Bar do Ramalho (Leandro Ferreira/ AAN)

Quando chego a um bar e logo avisto tipos com experiência etílica evidente, seja pela barriguinha saliente, os fios grisalhos ou os trejeitos boêmios, sinto que não errarei. Nesses ambientes, afinal, pode-se tirar sarro do time alheio e palitar os dentes sem vergonha. Me acomodo na mesa, peço uma cerveja e um petisco. E eis que chega um prato de carneiro – paleta, costela e pernil – com molho de hortelã. Bate aquela sensação de estar no “paraíso” e, quando olho para cima, vejo o altar, uma plataforma de madeira na parede. Sobre ela, uma imagem de Nossa Senhora Aparecida ao centro e garrafas de cachaça, cerveja e Chapinha ao redor.   Esses discípulos chegaram no primeiro carregamento de mercadorias para o Bar do Ramalho, há 11 anos, e continuam intactos, abençoando o lugar. A santa guarda, as garrafas vibram, a prosa rola solta e o carneiro (ou cordeiro, não descobri ao certo a idade do animal) queima na churrasqueira. Assim acontece todas as quinta-feiras nesse boteco do Jardim Santana, onde a família inteira ajuda na lida, mas só o patriarca manda na brasa. E haja braço, pois são cerca de 30 quilos de carne assada na noite – só para saber, o fogo é aceso às 17h.   Foto: Leandro Ferreira/ AAN Ramalho comanda a brasa nas noites de quinta, quando os clientes se reúnem para apreciar carneiro e cerveja gelada Ramalho e sua trupe ralam enquanto a freguesia se esbalda, bem perto do pecado da gula, porém longe da luxúria. A carne, supermacia, vem com molho de hortelã, como na culinária árabe, e os brasileiríssimos molhos de alho e caseiro de pimenta. Para acompanhar, a boa e velha cervejinha. Para quem curte cachaça, também há “marvadas” nas estantes, assim como o digestivo Paratudo, um coquetel de raízes amargas que abre o paladar pra gelada ou decreta o fim do expediente.     Bar do RamalhoRua Lupércio Bueno Camargo, 52, Jardim Santana, Campinas, f. (19) 3256-5216. Aberto de segunda a sábado, das 8h30 às 20h; às quintas, fecha às 23h.

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