TADEU FERNANDES

Parabéns aos pediatras

Tadeu Fernandes
26/07/2015 às 15:40.
Atualizado em 23/04/2022 às 07:14

A Medicina é a profissão cuja sobrevivência está ameaçada pelo rolo compressor da banalização e impessoalidade. Usa-se o termo “tocar o serviço”. O próximo, o próximo, o próximo, mas, quem é o próximo? Qual é seu nome? O que ele faz? Não importa somente o que o corpo sente, mas o que a alma sente? O exercício da medicina verdadeira é indissociável de uma relação humana fraterna entre o profissional e o paciente. Não bastam médicos, Mais Médicos, equipamentos complexos, remédios miraculosos ou cirurgias fantásticas, aqui nas grandes cidades temos tudo isso, e a Saúde continua um caos. Existem Mais Médicos, e cada vez mais temos menos saúde! Muito mais do que ter médicos, importa ter tempo para lidar bem com um ser fragilizado pela doença. Interagir com uma pessoa, alguém que não é apenas um amontoado de órgãos e vísceras. Um ser que sofre mais por dentro que por fora, sente a morbidez por inteiro. O atendimento médico está em rota de extinção nos tempos modernos. Abandonou, por completo, a natureza relacional que o distinguia. Com efeito, atendimento é o ato de atender, verbo oriundo de attendere, do latim, que significa acolher, receber com atenção ou cortesia, segundo o Aurélio. Já não se atende assim em medicina. A ciência reina soberana, ignora a consciência. Embora o paciente continue o mesmo, o ambiente é outro. O atendimento é nenhum, substituiu-se pelo direito de acesso as trapizongas e parafernálias. Perece o médico que pensa, reflete, dialoga com o doente, diagnostica, prescreve e orienta.  Foi essa maneira de ser médico que permitiu identificar e descrever minuciosamente a maioria das doenças que afetam a espécie humana. O volumoso conteúdo dos tratados de medicina não é mérito dos políticos, das máquinas, nem dos computadores. Resultou de cabeças médicas observadoras no sentir, meticulosas no fazer, brilhantes no transmitir experiência, perseverantes na ininterrupta linha de investigação científica que não decompõe o corpo humano em números, estatísticas, fatias, muito menos atribui à alma a condição de ente extracorpóreo. A Pediatria não é apenas uma atividade médica em seu sentido habitual. Ela é também, senão, sobretudo, um “estado de espírito”, que assegura a permanência dos esforços a favor da criança e que tem como alicerce o amor a ela, não o amor que se exprime em prosa e verso, mas que se exterioriza em ação. Esse texto é uma homenagem a todos vocês pediatras, meus parabéns! Poucos lembram, mas neste dia 27 de julho comemora-se o Dia do Pediatra; fique tranquilo, se ninguém te ligar, não se preocupe, na primeira febre ou dor de barriga você será muito lembrado e incessantemente procurado. Feliz Dia do Pediatra!

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