Sessão de Cinema

Para Sempre Alice

Julianne Moore é ótima atriz e, depois de cinco indicações, ganhou finalmente o Oscar por Para Sempre Alice (Still Alice, Estados ...

João Nunes
10/03/2015 às 05:58.
Atualizado em 24/04/2022 às 01:23

Para Sempre Alice (João Nunes)

Julianne Moore é ótima atriz e, depois de cinco indicações, ganhou finalmente o Oscar por Para Sempre Alice (Still Alice, Estados Unidos, 2014), de Richard Glatzer e Wash Westmoreland. Na verdade, foi mais um prêmio pelo conjunto da obra. Não que não merecesse, mas interpretação dela está muito acima de um filme apenas razoável.  

Para além da performance dela temos um filme narrativo convencional. E talvez esteja correta a postura dos diretores, pois o tema se torna suficientemente forte para validar o projeto. Nada de ousadias na linguagem, nada de preocupações estéticas.  

Para Sempre Alice trabalha com o básico simples para contar uma história, esta sim, complexa e perturbadora. Afinal, estamos diante de uma enfermidade, o Mal de Alzheimer, que acomete milhões em todo mundo e para a qual não há cura. E, por ser degenerativa, sabemos que o fim é terrível.  

Diante disso, o filme também se torna previsível, pois não há um recorte sobre a personagem com a doença, como vemos no argentino O Filho da Noiva (Juan José Campanella, 2001), para ficar num exemplo correlato. Em Para Sempre Alice acompanhamos todo o processo no qual a enfermidade é diagnosticada e a deterioração pela qual passa a protagonista.  

E nisto está o mérito do filme – junto com a atuação de Julianne – porque a partir de um relato previsível, também se torna possível realizar um filme digno. Basta que ele seja bem encenado (e está) e, neste caso, de modo realista e nos faça crer que é verdadeiro tudo aquilo a que assistimos.  

Adaptado do romance homônimo de Lisa Genova (Ediouro), o longa narra a trajetória da renomada linguista Alice Howland (Julianne Moore) casada com marido dedicado (Alec Baldwin), mãe de Lydia (Kristen Stewart), Anna (Kate Bosworth) e Tom (Hunter Parrish), que aos 50 anos descobre sofrer do Mal de Alzheimer.  

E o roteiro acrescenta dois complicadores que, como tal, terão a função de encorpar a narrativa: o diagnóstico é precoce e a doença poderá ser herdada por um dos filhos – o que torna ainda mais dolorosa a vida de Alice.  

Tudo começa durante palestra numa universidade. Ela se esquece de uma palavra, o que a deixa intrigada. Tempos depois, se perde durante exercício físico no campus. Preocupada, procura um médico. O que veremos a seguir será a desestruturação física da personagem – e nisso os americanos são mestres – e da família.  

Aqui também entra outro ingrediente lugar-comum nesse tipo de história: a filha mais distante, a atriz Lydia, será a mais próxima. E Kristen Stewart demonstra uma vez mais que a série Crepúsculo foi um acidente na vida dela. Ficou rica, porém, só conhecemos de fato a boa atriz que é depois que ela decidiu fazer papéis mais consistentes.  

Porém, em que pese o apoio da coadjuvante, Julianne Moore mantém controle absoluto sobre o filme. E não apenas por ser a protagonista. Ela imprime verdade à atuação a fim de nos convencer que é uma mulher doente e se submete a passar pela transformação que a deixa cada vez mais debilitada e desprovida de beleza. O prêmio, afinal, recompensou um belo trabalho.  

* Publicado no Correio Popular de Campinas em 10/3/2015

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