Editorial

Para quem o serviço público trabalha?

Correio Popular
27/03/2013 às 05:00.
Atualizado em 25/04/2022 às 22:58

A generalização é sempre um perigo para qualquer avaliação sobre qualquer tema. Invariavelmente esbarra em juízos de valores sustentados em desinformação, preconceitos e visões superficiais. Generalizar é conduta temerária.

Mas uma destas “verdades”, exaustivamente propagadas, parece não ter um contraditório à altura para ser desmentida: a de que o serviço público no Brasil, na média, é ineficiente e, muitas vezes, prestado de forma negligente. A cobertura da mídia é um bom termômetro disso, pois evidencia sistematicamente um cenário de recursos escassos e atendimento precário.

Naturalmente que há de se considerar os esforços que algumas gestões mais modernas vêm fazendo. É bom lembrar também que há abnegação e comprometimento de servidores que se doam para prestar um serviço de excelência ou pelo menos digno ao cidadão. Em resumo, nem tudo está perdido. E nem tudo é reprovável e ruim.

As reflexões acima são parte de um debate ocorrido anteontem em Campinas no simpósio “As novas práticas em Gestão Pública”, realizado na Faculdade São Leopoldo Mandic, dentro do programa de abertura do Núcleo de Estudos em Gestão Pública, fórum dedicado a contribuir com a melhoria de um setor castigado pela falta de dinheiro e de preparo de seus integrantes. O núcleo tem o objetivo de capacitar profissionais a liderarem mudanças dentro da gestão pública, revolucionando aquelas marcadas pelo atraso e aperfeiçoando as demais.

Entre as várias conclusões do encontro, do qual participaram autoridades, agentes públicos e especialistas, duas delas carregam verdades para as quais não deveria haver nenhuma voz contrária: 1) o serviço público está à disposição da comunidade, de modo a contribuir para o seu desenvolvimento pleno e funcional; 2) a administração pública qualificada é um direito do cidadão, um bem essencial e indiscutível.

Ambas, naturalmente, contrariam comportamentos de achaque, aparelhamento e desserviço que muitos agentes públicos adotaram como conduta diária, ampliando o fosso entre o cidadão e o Estado.

Para os participantes do encontro, não há outro caminho para melhorar a eficiência da gestão pública e contribuir para a mudança da sua imagem: investir na governança, no foco e na eficiência, capacitando os servidores, mudando eventuais comportamentos nocivos e valorizando — e muito — o dinheiro público.

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