RESSONÂNCIA

Para polícia, falha humana causou as mortes

Delegado descartou homicídio, contaminação e envenenamento no Hospital Vera Cruz, em Campinas

Da redação
03/04/2013 às 18:24.
Atualizado em 25/04/2022 às 21:53

Uma falha humana é a principal suspeita da Polícia Civil de Campinas em relação às mortes de três pacientes que passaram por exame de ressonância magnética no Hospital Vera Cruz, em 28 de janeiro deste ano. A hipótese foi divulgada nesta quarta-feira (3) pela polícia de Campinas. Assim como ato criminoso, as possibilidades de contaminação e envenenamento foram descartadas por laudos parciais, feitos pelos laboratórios do Instituto Adolfo Lutz e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Segundo o delegado José Carlos Fernandes, responsável pelas investigações, mesmo sem um laudo final, as investigações estão direcionadas para falha humana. "Os laudos que já temos descartaram homicídio, contaminação e envenenamento. Por isso, seguimos investigando falha humana, seja na aplicação do contraste ou na manipulação do equipamento", ressaltou Fernandes.

Entretanto, a polícia ainda espera os laudos finais da Unicamp e do Instituto Médico Legal (IML) para concluir o inquérito. "Não há previsão porque o laudo final será do IML, mas ele ainda depende do laudo que será feito pela Unicamp. Estamos dependendo apenas desses resultados para encerrar o inquérito policial. Tudo o que podia ser feito para auxiliar as investigações, como ouvir as testemunhas e reconstituir o caso, já foi feito. Agora, é aguardar os laudos finais", ressaltou o delegado.

Depois de quase dois meses de interdição, o Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) de Campinas liberou no dia 22 de março a realização de exames de ressonância magnética no hospital. Entretanto, a liberação vale apenas para os testes que não fazem uso de contraste.

Segundo a diretora do Devisa, Brigina Kemp, não há mais motivos para manter o setor interditado, uma vez que desde o início das investigações nada foi apontado de problema nos equipamentos que realizam o exame.

"Além disso, notamos uma certa preocupação da clínica em resolver os problemas apontados, principalmente no que diz respeito a rastreabilidade, e vimos que todas as medidas corretivas foram adotadas. Eles se adequaram, fizeram novos treinamentos com funcionários e do ponto de vista da segurança, o local está liberado" , disse a diretora.

A clínica Ressonância Magnética Campinas (RMC), empresa responsável pelos exames no hospital, havia sido autuada, em fevereiro, por falhas no preenchimento das fichas das vítimas.

O caso

Três pessoas, com idades entre 25 e 38 anos, morreram no dia 28 de janeiro, após a realização de exames de ressonância magnética no Hospital Vera Cruz. Após os óbitos, o setor foi imediatamente interditado pela Vigilância em Saúde do município.

A primeira a passar mal foi Mayra Cristina Augusto Monteiro, de 25 anos, que fez o exame e foi liberada. Mas passou mal e teve de voltar para o pronto-socorro do hospital, onde morreu.

As outras vítimas, Manuel Pereira de Souza, de 38 anos, e Pedro José Ribeiro Porto Filho, de 36 anos, morreram logo após a realização da ressonância.

Todos realizaram o exame na cabeça e fizeram uso do contraste. Eles tiveram parada cardiorrespiratória. O caso veio à tona na manhã do dia seguinte. Desde então, uma comissão investiga as causas das mortes, inéditas na literatura médica.

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