Domingo de Páscoa

Pandemia 'encolhe' as famílias

O tradicional almoço de domingo foi marcado por núcleos familiares fragmentados e missa on-line

Daniela Nucci
13/04/2020 às 19:13.
Atualizado em 29/03/2022 às 16:15

Família reunida na mesa com o tradicional bacalhau, a alegre caça aos ovos de chocolate com as crianças, e a presença das famílias em peso na missa do domingo de Páscoa são situações que sempre marcaram a Semana Santa. Porém, neste último final de semana, tudo será diferente do habitual diante da época difícil e desafiante que o mundo atravessa com a pandemia do novo coronavírus. A celebração será vivida de outra maneira, com famílias fragmentadas, avós separados de filhos e netos, e almoços dentro de casa e com um número reduzido de entes queridos. No entanto, mesmo com a impossibilidade de reunir todos os familiares, como é tradição nesta data do calendário católico, a data não passará em branco, mas ganhará um tom mais intimista. Aqueles que fazem questão da missa, poderão certamente acompanhar as celebrações programadas em canais de TV ou pela internet. Acostumado com a casa cheia nesta data comemorativa, o empresário João Henrique Peixoto fará um almoço mais intimista para a mulher Érica Couto Peixoto e os filhos Pedro Henrique, de 12 anos, Rafaela, de 10 anos. “Meus pais e sogros sempre vinham em casa para almoçarmos juntos. Neste cenário atual, cada um vai ficar na sua casa e vamos nos falar por videoconferência para preservar a saúde de todos”, diz Peixoto, que vai alegrar o dia com os ovos de chocolate feitos com a participação da mulher e dos filhos. “Fazer o ovo foi uma experiência diferente que nos permitiu aproximar a família e termos momentos divertidos de bagunça e também de alegria, fazendo algo que não estamos acostumados a fazer”, diz Érica. A criançada aprovou a ideia. “Fazer o ovo com a família foi bem legal. A gente se divertiu bastante e o ovo ficou muito gostoso”, comenta Rafaela, que recebeu uma missão especial este ano: vai rezar uma Ave Maria e um Pai Nosso antes do almoço. “O ano passado foi o Pedro e este ano será ela. É um momento de reunir a família com atividades que deixam as relações mais próximas e pensarmos no sentido real da Páscoa, com a ressurreição de Jesus Cristo. Com o comércio fechado, a previsão está baixíssima das vendas de ovos de chocolate e temos que usar a criatividade", comenta Peixoto. Sacrifício Na casa da decoradora Magali Massarotto, a Páscoa também será diferente do habitual. “Vai ser um grande sacrifício não celebrar esta data com toda família reunida no domingo, com o prato tradicional de bacalhau na mesa, mas a melhor forma de estarmos juntos, desta vez, é estarmos separados. Preparamos uma Páscoa diferente, mas é essencial para termos muitas celebrações juntos no futuro”, diz Magali. Para a decoradora, a data é muito importante e marcada pelo agradecimento de poderem realizar o que é tradicional na família todos os anos. “Iremos cozinhar os pratos habituais nossos de toda Páscoa, realizar a troca dos ovos, que desta vez foram comprados todos pela internet e chegaram por delivery, e assistir à missa que terá transmissão on-line”, ressalta Magali, ao lado do marido Carlos Henrique Massarotto e dos filhos Pedro Henrique , de 28 anos, e Ana Luísa Vido Massarotto, de 24 anos. Como faz parte do grupo de risco para o novo coronavírus, Elza Aparecida Bonome Barbutti, de 63 anos, ficará quietinha em casa na companhia do filho Sérgio, que mora com ela. A intenção dela é assistir às missas neste Domingo de Páscoa, pela televisão. “Faremos um almoço simples e ficarei o tempo todo em oração já que sou uma católica atuante. Tenho mais duas filhas e vamos nos falar por telefone no dia também. Assistirei às missas pela televisão de dia e à noite porque a via sacra para mim é o foco maior da Páscoa. Quanto aos ovos de chocolate, tenho três netos, e mais velho gosta de ir à loja comigo para escolher o ovo. Vamos esperar passar essa pandemia e, se puder, vamos juntos comprar para ele e os outros três netos. Tenho um amor tão grande pela igreja e creio que Deus vai tirar um bem maior de toda essa situação, Deus não é provedor do mal, criou tudo que viu que era bom, porém permite que algumas coisas ruins aconteçam na vida da gente, como está ocorrendo agora com a pandemia, para que tire um bem maior para todos nós no fim disto tudo”, diz Elza.

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por