CAMPINAS

Pancadão em praça tira o sossego da vizinhança

Vizinhos da Praça Concórdia, no Campo Grande, imploram por ação de combate ao barulho no local

Gustavo Abdel
13/05/2015 às 05:00.
Atualizado em 23/04/2022 às 13:56
Durante o pancadão, jovens usam drogas ou mantêm relações sexuais encostados nos carros (Elcio Alves/AAN)

Durante o pancadão, jovens usam drogas ou mantêm relações sexuais encostados nos carros (Elcio Alves/AAN)

Moradores da região da Praça da Concórdia, no distrito Campo Grande, em Campinas, se unem para reclamar do excesso de barulho que vem de dezenas de carros parados na praça nos fins de semana. Conhecido pelo excesso no uso de drogas e som alto naquele ponto, o pancadão, com música funk, começa por volta de 23h e vai até o nascer do sol. Apesar da recente lei criada, e que tem aplicado punições a proprietários de veículos com som alto em diversos bairros, autoridades admitem que a atuação na Praça da Concórdia requer uma operação estratégica, já que o espaço aglomera em média 3 mil pessoas nas madrugadas de sábado e há possibilidade de confronto com a presença policial. Situação tensa Há dois finais de semana, a situação voltou a ficar tensa. Um Fiat Uno que teria sido roubado foi queimado durante a “festa” na madrugada. A carcaça do veículo permaneceu dois dias atravessada na Avenida Jonh Boyd Dunlop, informaram moradores e comerciantes das redondezas. No começo do ano passado, ônibus do transporte municipal também eram constantemente alvos de vândalos, que saiam do pancadão na praça e no trajeto depredavam os veículos. Cansados de não verem qualquer solução para o controle do pancadão, muitos moradores ao redor da praça já avaliam a saída para outra região da cidade. O agente de saneamento Paulo Vitor Oliveira, de 51 anos, por exemplo, é um deles. “A situação de sábado é crítica. Meu muro se transforma em banheiro e a viela ao lado de casa em ponto de droga e sexo, inclusive envolvendo menores de idade. O problema é que os imóveis que ficam próximos à praça começam a ter desvalorização, e a venda se torna mais complicada. Mas a intenção é ir embora”, disse. Problemas   Para dormir aos sábados, os protetores auriculares são fiéis há mais de sete anos. “Sair de casa aos sábados também não arriscamos”, lamenta. Considerada um dos maiores espaços públicos da região do Campo Grande, a Praça da Concórdia, localizada entre os bairros Jardim Maracanã e Parque Valença I tornou-se motivo de muita dor de cabeça a comerciantes. R.M., dono de uma loja especializada em eletrônicos, disse que depois da quarta vez em que trocou a porta de ferro na entrada do comércio resolveu deixá-la amassada. “Não vale a pena. Todos os fins de semana eles vêm e chutam, picham. Não tem bolso que aguente”, reclamou. Já o pedreiro Francisco Afonso da Silva, de 53 anos, conta que além do vandalismo, as casas próximas à praça tremem de tão alto que é o barulho da música. “Prejudica o comércio, o sono do trabalhador e fica por isso mesmo. Falta segurança, respeito e uma boa política pública para dar um jeito nessa situação. Ninguém tem coragem de entrar aqui”, apontou Silva.Frequente A problemática da praça foi apontada em diversas reportagens. Em uma dessas ocasiões, em novembro de 2014, foram flagrados atos de vandalismo, consumo de drogas e sexo ao ar livre. Por volta das 23h, os jovens apagam a luz de toda a Concórdia por meio de um interruptor de fácil acesso, em um dos postes da praça. Na semana passada, a reportagem constatou que a Prefeitura tapou com uma chapa de ferro o interruptor, mas ela já foi retorcida e moradores relatam que continuam deixando o local no breu para a festa. No último fim de semana, a Guarda Municipal realizou apreensões de veículos em diversos bairros de Campinas, inclusive no Parque Valença 2, região do Campo Grande e próxima à praça da Concórdia. Porém, moradores relatam que apesar de acionar a GM através do 153, não houve comparecimento de viaturas na Concórdia. Posição da Prefeitura  Até o momento, segundo a assessoria da Secretaria de Segurança, chega a mais de 140 o número de autuações realizadas desde o início da vigência da lei 14.682, em fevereiro deste ano. Além de ter os veículos apreendidos, os motoristas são multados em 500 Ufics (Unidades Fiscais de Campinas), cerca de R$ 1,4 mil. Em caso de reincidência, o valor é dobrado para R$ 2,8 mil, e quadruplicado, chegando a R$ 5,6 mil, a partir da segunda reincidência. O volume acima do permitido pela lei, de 50 decibéis durante o dia e 45 à noite, gera multa aos proprietários. Sobre a situação na Concórdia, a assessoria de imprensa da Prefeitura informou que as autoridades terão uma reunião nos próximos dias quando deverão traçar “outras diretrizes complementares para o local (praça)”, ou seja, um planejamento de operação conjunta entre Guarda Municipal, Polícia Militar, e secretarias municipais. Segundo a Administração, a Concórdia é o local “símbolo” para a criação da Lei do Pancadão, e o local recebe periodicamente ações específicas da GM.

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