CAMPINAS

Pais são surpreendidos por vandalismo dos filhos

Familiares e amigos buscam explicações para atitudes violentas praticadas por jovens

Luciana Félix
21/06/2013 às 23:30.
Atualizado em 25/04/2022 às 11:22

Parentes e amigos não souberam explicar os motivos que levaram três dos oito presos durante os protestos de quinta-feira (20) à noite, em Campinas, a depredar e destruir estabelecimentos comerciais e o patrimônio público. A manifestação reuniu 35 mil pessoas na área central e registrou uma série de confrontos violentos entre Polícia Militar (PM), Guarda Municipal (GM) e grupos mais exaltados.

Um dos acusados pela polícia de promover vandalismo e estourar com a perna uma das portas de vidro do Paço Municipal foi o estudante David Oliveira de Jesus, de 18 anos. Além de causar dano ao patrimônio público, o estudante se feriu gravemente na perna e no braço. Ele estava com um amigo quando invadiu o Paço. Após quebrar o vidro, o jovem caiu e os GMs, que estavam no local ajudaram o jovem e fizeram uma espécie de torniquete na perna direita para diminuir uma hemorragia. O estudante foi socorrido pelo Serviço Móvel de Urgência (Samu) até o Pronto Atendimento São José. Nesta sexta (21), ele seguia internado sob escolta policial e, segundo a polícia, após receber alta ele será encaminhado à prisão caso não pague uma fiança arbitrada pelo juiz no valor de R$ 5 mil.

A família do estudante é moradora do Jardim Liza, na região do Ouro Verde. A mãe do acusado disse à reportagem que está sofrendo muito com tudo o que aconteceu e não soube explicar os motivos que levaram o filho a destruir um bem público em um ato de vandalismo. “O estado dele é muito delicado. Ele está sofrendo e eu também. Ele é estudante e um bom filho. Não sei o que aconteceu”, afirmou a mulher identificada apenas como Sandra.

O pai do adolescente P.G.A., de 17 anos, também se desesperou ao saber que o filho estava envolvido com ações de vândalos no protesto no Centro da cidade e se surpreendeu ao saber que ele foi levado para o 1º Distrito Policial (DP), no Botafogo, acusado de depredação.

Quando o adolescente foi apreendido ele estava junto com outros dois jovens depredando uma farmácia na Avenida Francisco Glicério. Na delegacia, a polícia não conseguiu identificar qual deles estava atirando as pedras e acabaram liberados.

O pai do jovem, que teve sua identidade preservada, desconhecia que o adolescente tinha participado da manifestação. “Saio às 4h para ir trabalhar como porteiro e não percebi que ele não estava em casa”, afirmou. Morador da Vila União, o jovem é o mais velho entre quatro irmãos. “Ele estuda e faz curso de inglês. Até agora não acredito que ele tenha feito isso. Era para ele ser o exemplo para os irmãos”. O pai disse que o rapaz nunca se envolveu em brigas e frequenta a igreja.

“A mãe dele é evangélica. Ele e os irmãos vão ao culto. É a primeira vez que se envolve em algo tão grave. Até agora não acredito que ele foi preso e sinceramente não sei explicar o motivo, se foi amizade errada. Mas estou decepcionado e a mãe dele vai ficar mais ainda”, disse. O adolescente estava acompanhado de Richards Molina, de 18 anos, ajudante geral, e morador do Jardim Leonor e Raphael da Silva Ferreira, também de 18 anos, morador da Vila União.

Depredação

Outro detido pela polícia foi o pedreiro João Santos Silva, de 44 anos. Segundo a polícia, ele estava com um grupo de vândalos que depredava os vidros de um salão de beleza na Rua Barão de Jaguara. Após ser levado ao 1º DP, ele foi solto, mas vai responder por dano ao patrimônio. Um amigo do acusado também se assustou ao saber da ação de Silva. “Ele é um sujeito de pouca fala, muito calmo e que procura fazer as coisas dele. Não imagino ele numa manifestação nem tendo motivos para depredar o patrimônio de alguém.”

Outro preso pela polícia foi o desempregado Rogério da Silva, de 27 anos. Ele furtou uma ótica na Benjamim Constant à meia-noite. Ele foi flagrado pela PM com cinco óculos e continua detido.

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