Pesquisa mostra que 38% dos pais conversam com os filhos sobre os riscos da internet
Amanda, Thaís e Fernanda Lopes, Lilian Fonseca e Felipe Peixoto, Fabiana e Giovanni Tardochi: famílias conectadas ( Antonio Trivelin/ Gazeta de Piracicaba )
Para ter acesso ao Facebook, aos 10 anos, Amanda Lopes, hoje com 11 anos, precisou negociar com os pais: eles têm acesso à senha da página dela e podem olhar o que posta, comenta ou com quem conversa. Situação que faz parte da realidade da minoria das famílias: apenas 38% dos pais conversam com os filhos sobre os riscos online, aponta pesquisa.Não tem como negar. As redes sociais fazem parte da revolução digital e são praticamente indispensáveis nos dias atuais. No entanto, o inimigo pode estar do outro lado da tela. Levantamento realizado pela Kaspersky Lab e pela B2B International mostra que 22% dos pais acreditam que não podem controlar o que os filhos veem ou fazem nas redes sociais, embora quase metade (48%) se preocupe com o fato de que os filhos possam enfrentar cyberbullying e outros riscos.“A internet traz muitos benefícios, mas, infelizmente, também permite que certas pessoas liberem seus traços humanos destrutivos. Para as vítimas, os danos psicológicos podem ser enormes e de longa duração”, diz a presidente da Kaspersky Lab., Eugene Kaspersky.A pesquisa também mostrou que as tentativas bem-intencionadas por adultos para dar aos seus filhos um pouco de privacidade poderiam, de fato, os deixar mais vulneráveis ao assédio e ao abuso online. Isto porque apenas 19% afirmam que é amigo ou que segue seus filhos em redes sociais e apenas 39% monitoram as atividades na internet de seus filhos.“Tenho três filhos, a Amanda, de 11 anos, a Thais, de 7 anos, e o Pedro, de um ano e meio. A Amanda é a única com rede social e para que pudesse fazer parte deste mundo virtual, firmamos um acordo. Liberamos o Facebook com a condição de que o meu marido e eu tivéssemos a senha dela. Quando precisamos ou queremos, podemos olhar a conversa, o que ela posta ou comenta”, explica a mãe, Fernanda Barretos de Rezende Lopes, de 40 anos, que acrescenta: “A preocupação existe porque a internet tem muita coisa boa, mas também tem coisas ruins, disponíveis em um clique. Nesta idade, ela não consegue diferenciar o que presta do que não presta. Além disso, assim como eu tinha muitas curiosidades quando criança, ela também tem”.Ainda segundo Fernanda, tomar conhecimento das dúvidas e particularidades da filha a ajuda a manter o diálogo. “É uma forma de tentar entender e procurar ajudá-la, principalmente agora que ela está entrando na pré-adolescência”.Fernanda e o marido também estão nas redes sociais, como Facebook e Linkedin. “Além disso, tenho na minha rede de amigos os colegas da Amanda, seus professores e pessoas do colégio”, revela.Assim como Fernanda, o diálogo foi o método utilizado pela mãe do Felipe Peixoto, de 9 anos, Lilian Fonseca, de 37 anos. “O Felipe adora eletrônicos como Ipad, celular, videogame e computador. É apaixonado por jogar. Quando ele quis entrar no Facebook, conversamos e expliquei que é uma rede legal, pois possibilita ficar próximo dos amigos, principalmente os que ele não vê diretamente”, diz. “Contei que ao mesmo tempo que é legal, é perigoso e pedi para que não adicionasse pessoas que ele não conhecesse. Até o momento, não tivemos problemas”, completa.A mãe ainda conta que todas as vezes que recebe convite de amizade de pessoas desconhecidas mostra para ela. “Além disso, o Facebook dele é bloqueado e não deixo que poste fotos ou locais onde frequenta. Esta é uma forma das pessoas não o encontrarem fora da internet”.A pedofilia também assusta Lilian. “Tenho perfil no Facebook e o Felipe entendeu as preocupações. Já percebi, que ao menos agora, o interesse dele é nos jogos”. Receita de sucesso Mãe de Julia Gomes, de 17 anos, Paula Martinez Gomes conta que sempre foi conectada às novas tecnologias e à internet, até mesmo devido ao seu trabalho. “Quando a Julia começou a se interessar pelo assunto, conversamos e sempre mostrei as vantagens e desvantagens da rede. Falei sobre o perigo da exposição e sempre deixei claro que eu poderia, sim, ver o que estava ocorrendo em seu computador”, revela. Paula diz que quando algo fora do comum ocorria, a filha mostrava. “Cheguei a olhar mensagens e contei o que tinha feito depois. Além disso, sempre trocamos 'posts' e temos essa liberdade e cuidado uma com a outra. Uma vez, em um evento no colégio da Julia, uma amiga dela me disse que achava legal nossa relação e me questionou se eu podeira conversar com a mãe dela sobre o meu relacionamento com a minha filha na internet. Isto porque sua mãe trabalhava o dia todo e a proibia de ficar conectada”, relembra. Mesma relação de Lillian Sanchez Malagutti com as filhas Mariana, de 21 anos, e Gabriela Malagutti, de 17 anos. A mãe lembra que na época do Orkut criou um perfil e se tornou amiga das meninas. Já no Facebook, ingressou antes das filhas, pois sabia que em breve elas estariam na mais famosa rede social do mundo. “Nunca escondi que estava e sempre ficaria atenta a tudo o que fizessem no mundo virtual. Hoje, cada uma tem o seu notebook, celular, mas mesmo quando estão navegando em seus quartos sabem que eu posso aparecer a qualquer momento. Não se sentem invadidas, mas sim cuidadas”, diz Lillian, que finaliza: “Sempre deixei claro o perigo oculto por trás da facilidade do mundo virtual e até hoje elas se cuidam muito. Quando sentem algo estranho ou suspeito, me mostram. Chamo isto de confiança”.