Editorial

Pacote contra violência exige voz popular

Correio Popular
02/03/2013 às 05:00.
Atualizado em 26/04/2022 às 02:41

Campinas passa por um dos momentos mais críticos de sua recente história. Referência em setores de ponta como ciência, tecnologia, medicina e educação, a cidade enfrenta agruras em áreas essenciais. Se já não bastasse a crise política que atingiu o núcleo do poder municipal e levou à cassação de dois prefeitos, em 2011, uma avalanche de escândalos que minou a auto-estima do campineiro. Agora a metrópole se vê às voltas com uma crise na Segurança Pública, fruto de uma escalada do crime e da incapacidade dos agentes públicos de ter dado resposta enérgica no tempo devido.

A reação, por outro lado, começa a dar sinais de concretude. Um Gabinete de Segurança foi instalado após pressão da sociedade e depois de campanha empunhada pelo Correio. Além disso, blitze se tornaram mais frequentes, com presença mais atuante do policiamento preventivo e ostensivo (PM) e com o patrulhamento colaborativo da Guarda Municipal.

Há que se ressaltar que é bem-vinda e necessária todas as ações de planejamento estratégico do corpo de segurança dedicado a preservar a vida do cidadão. Mas é importante lembrar também que a participação da sociedade nesse processo é essencial. Os exemplos bem-sucedidos de interação com a comunidade são inúmeros na vida social contemporânea. Jamais o cidadão teve tanto espaço e voz para interferir, protestar, cobrar ou simplesmente opinar como agora.

É nesse contexto que o enfrentamento da violência deve levar em conta a participação da sociedade. Os Conselhos Comunitários de Segurança (Consegs) constituem-se em instrumentos legítimos para defender a comunidade e apontar eventuais soluções. Essas organizações não governamentais têm uma característica essencial, a proximidade do problema. Seus representantes vivenciam na prática a ameaça do crime. Estão inseridos em bairros cujas estatísticas da criminalidade só avançam nos últimos meses. Além disso, ouvem queixas de vizinhos e têm um arsenal de informação que pode servir de importante instrumento para a tomada de ações pontuais na cidade.

O momento é mais que oportuno. Campinas passou pelo tsunami político e busca o reequilíbrio com um novo governo, alçado de maneira legítima pelo voto da maioria. Trata-se de uma reconstrução política, mas também social. Com a Segurança, a situação é parecida. Vale a pena não desprezar a força popular e seu grande anseio de colaborar por uma cidade de paz.

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