HEPATITE C

Pacientes terão tratamento com 90% de chance de cura

Os novos medicamentos apresentam menos efeitos colaterais e custam menos, além de elevarem a possibilidade de cura, que hoje é de 47%

Agência Brasil
27/07/2015 às 19:32.
Atualizado em 28/04/2022 às 17:38
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, apresentou os novos remédios com os quais a expectativa é de tratar 30 mil pessoas em um ano  ( Agência Brasil )

O ministro da Saúde, Arthur Chioro, apresentou os novos remédios com os quais a expectativa é de tratar 30 mil pessoas em um ano ( Agência Brasil )

Os pacientes com hepatite C da rede pública contarão com tratamento mais moderno e que, segundo o Ministério da Saúde, cura 90% dos casos da doença, enquanto os medicamentos usados atualmente chegam no máximo a 47% de chance de cura. A expectativa do governo é tratar 30 mil pessoas em um ano.Os novos remédios apresentam menos efeitos colaterais e custam menos aos cofres públicos. O tratamento atual custa U$24 mil por paciente. Agora, as combinações feitas a com daclastavir, simeprevir e sofosbuvir custam U$9,6 mil por paciente. Os Estados Unidos adotaram os três remédios há um ano.“É uma revolução no tratamento da hepatite C muito semelhante à que aconteceu com os coquetéis contra a Aids”, disse o ministro. Ele explica que há “uma diminuição do tempo de tratamento de nove para três meses”.O ministro destacou uma melhoria na administração dos remédios. “Hoje os medicamentos disponíveis são injetáveis e nós passamos a ter o tratamento por via oral”, disse Arthur Chioro.Outros pacientes beneficiados com o novo tratamento são portadores de hepatite C que têm HIV/Aids ou que passaram por transplante de fígado. Eles não podiam ser tratados com o remédio que será substituído, porque as reações do organismo contraindicavam a medicação. Com os novos medicamentos, eles poderão se tratar contra a hepatite C.O novo protocolo clínico facilita também o diagnóstico da doença para o início do tratamento. Antes, para o paciente começar a se tratar, era necessário passar por uma biópsia, exame invasivo que não é feito em todo lugar.Diretor do departamento de HIV/Aids e hepatites virais do Ministério da Saúde, Fábio Mesquita, explica que, com a nova diretriz, o paciente vai primeiro passar pela triagem de posto de saúde. Caso seja necessário, será encaminhado para o serviço especializado, que indicará a necessidade de novos exames.Todos os anos surgem cerca de 10 mil casos de hepatite C no Brasil. Ao todo, 120 mil casos da doença foram confirmados desde que surgiu o diagnóstico, em 1993. Mais de 100 mil pessoas fazem tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A estimativa do Ministério da Saúde é que 1,4 milhão de pessoas estão infectadas, mas, como a doença não apresenta sintomas, a maioria não sabe. Em São Paulo Na semana do Dia Mundial da Luta contra as Hepatites Virais (28 de julho), a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo lançou nesta segunda-feira (27) um censo inédito para saber qual o número de pessoas com hepatite C no estado. Desde 2000, foram notificados 68.297 casos de hepatite no estado, o que corresponde a 0,1% da população paulista. No entanto, a secretaria acredita que esse número seja maior, uma vez que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 3% da população mundial tenham a doença.“Sabemos que temos bem mais. A prevalência nos diz que temos pelo menos 490 mil portadores da hepatite C (no estado de São Paulo)”, disse Maria do Carmo Camis, diretora da Divisão de Hepatite do Centro de Controle da Doença da secretaria.A ideia da secretaria é que os paulistas diagnosticados com a doença façam o cadastro pela internet. As informações são sigilosas e serão usadas unicamente para esse levantamento. Segundo o órgão, isso vai ajudar a pasta a formular políticas públicas e a estudar tratamentos para a doença.“Isso é muito importante para a gente. Acreditamos que esse será o meio mais ágil para fazermos esse levantamento”, disse Maria do Carmo. Segundo ela, esse cadastro permitirá estimar, por exemplo, o número de tratamentos necessários para atender esses pacientes.TestePara marcar o lançamento do censo, hoje foi oferecida uma testagem da doença no Instituto Clemente Ferreira, no centro da capital. No local, elas apresentavam um documento de identificação e logo depois eram encaminhadas para uma sala onde enfermeiros faziam um pequeno furo em um dos dedos da mão do paciente para o teste. O resultado saía em cerca de uma hora e, caso o diagnóstico para a doença fosse positivo, os pacientes já eram encaminhados para serviços de referência.Uma das pessoas que aproveitaram a ação para fazer o teste foi a ascensorista Maria do Rosário Carvalho, de 58 anos, que aguardava o resultado do exame. “Não dói não (fazer o exame). Agora estou esperando o resultado. O teste é para a gente saber se tem algum problema. Às vezes, a gente trabalha e trabalha e não sabe o problema que tem. Deixamos o tempo passar e quando a gente vai cuidar, já demora mais.” Maria do Rosário disse que não tem medo de saber o resultado do exame. “Se eu tiver algum problema será mais fácil para eu me cuidar. Se for deixar o tempo passar, você não sabe o que você tem. Por isso fiz o exame, para saber. Se tiver problema, eu cuido. Se não tiver, graças a Deus que não tive nada.”O aposentado Luis Sutil de Oliveira, de 72 anos, também aguardava o resultado do exame. “Vim fazer o teste para ver se eu tenho alguma coisa ou não. Foi bem simples, só uma picadinha (no dedo). Precisamos saber nos prevenir porque a gente não sabe se tem ou não. Se eu não tiver doença nenhuma, tudo ótimo, mas, se eu tiver, vou procurar um médico.”Os interessados em fazer o teste para o diagnóstico da hepatite C podem procurar um posto de saúde. “Toda unidade de saúde terá essa testagem, seja a rápida ou por sorologia. Todas unidades básicas e centros de testagem estão preparados para fazer o teste”, destacou Maria do Carmo.Para prestar esclarecimentos sobre a doença, a secretaria disponibilizou o telefone 0800 162550, que é o Disque DST/Aids. O serviço funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.Diagnóstico precoceA hepatite é uma inflamação do fígado que compromete o seu funcionamento normal. Na maior parte das vezes, o paciente não apresenta sintomas, mas em alguns casos podem ocorrer fadiga, febre, falta de apetite, enjoo, vômitos, urina escura, pele e olhos amarelados e fezes esbranquiçadas. Se não tratada, a hepatite C pode evoluir para cirrose ou câncer de fígado.O diagnóstico precoce da hepatite C ajuda a prevenir problemas de saúde e evita também a transmissão do vírus, que ocorre por contato com sangue contaminado. O grupo de risco para a doença é geralmente formado por usuários de drogas injetáveis, filhos de mães contaminadas, parceiros portadores do vírus e pessoas com tatuagens ou piercings, informou a secretaria. Outro grupo de risco, acrescentou Maria do Carmo, são pessoas com mais de 40 anos que tenham passado por alguma transfusão de sangue ou intervenção cirúrgica porque, até 1992, o sangue não era testado para hepatite C. “Este é o segundo maior público por mecanismo de infecção”, alertou a diretora.

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