Entre os responsáveis pelo aumento está a farinha de trigo; insumo aumentou quase 100%
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O peso do pão francês não mudou na balança. Já no bolso do consumidor... O produto, tradicional e indispensável no café da manhã ou no lanche da tarde do brasileiro, já subiu 40% entre 2012 e 2013 em Campinas. Atualmente, o quilo do pãozinho varia de R$ 6,49 até mais de R$ 10,00 nas padarias e supermercados da cidade - uma diferença é de mais de 50%. A grande culpada pela alta é a farinha de trigo, cujo valor dobrou em um ano. Mas ela não é a única causa: também pressionam o valor outros produtos que fazem parte da receita dos pães e que também foram reajustados. Outro problema que afeta o setor é a escassez de padeiros, que acaba influenciando no valor dos salários pagos a eles. Todos esses fatores somados explica o tamanho da alta nos preços. Ao consumidor, resta tentar achar alguma jeito de pagar menos.Pesquisar os preços e aproveitar eventuais promoções são as melhores táticas. Kelly, proprietária da Padaria Santa Fé, no São Bernardo: desconto para quem levar o pãozinho amanhecido Os donos das padarias já sentiram uma queda no consumo por causa dos intermináveis reajustes do pãozinho. Para não ficar no prejuízo, cada estabelecimento utiliza uma estratégia para manter as vendas.Vale, por exemplo, diminuir o preço dos pães fabricados no dia anterior ou oferecer ofertas que “casam” o pão com o itens como frios. O presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação de Campinas e Região (Sipac), Ibrahim Hadad Neto, afirmou que o aumento médio do pão francês na cidade neste ano ficou entre 15% e 20%. “Se forem contabilizadas as altas que aconteceram em 2012 e 2013, a média atinge 30%. Mas os reajustes dependem do perfil de cada estabelecimento”, comentou. O presidente do Sipac disse que o preço médio do quilo do pão nas padarias começou o ano em R$ 8,00 e está hoje em R$ 9,30.Ele salientou que muitas panificadoras seguraram o aumento esperando por uma queda no valor da farinha de trigo com a chegada da nova safra - mas ela não veio. “Normalmente, temos um declínio do preço do trigo quando a nova safra chega ao mercado agora no segundo semestre. Entretanto, no ano passado e neste não houve nenhum recuo. Os panificadores não tiveram outra escolha a não ser aumentar o preço dos produtos que levam farinha na fabricação”, disse.Hadad afirmou que o custo da farinha no valor do pão francês é maior do que em outros produtos porque ela é seu principal ingrediente. “Além disso, outros insumos também pressionaram o valor do pãozinho nesse ano. Mas acredito em estabilidade nos preços para os próximos meses”, comentou. Ele também comparou o avanço do valor da farinha entre 2012 e 2013. “O saco com 100 quilos custava R$ 70,00. Hoje está mais de R$ 102,00”, apontou. Hadad ressaltou que a safra de trigo no Brasil tinha uma previsão de 6 milhões de toneladas em 2013, mas com o Inverno rigoroso na Região Sul, a estimativa caiu pela metade. “Outro problema é a falta de produto na Argentina, que era o principal fornecedor de trigo para o Brasil. O trigo é commoditie e está com o preço em alta no mercado internacional”, analisou.SalgadoOs consumidores que chegam aos balcões das padarias e dos supermercados ficam assustados com o valor do pão francês e de outros produtos que levam farinha na receita. “O pãozinho está caro, subiu muito neste ano. Já cheguei a substituí-lo algumas vezes para gastar menos. Às vezes, compensa mais comprar um lanche pronto do que o pãozinho e frios, por exemplo”, comentou o balconista Devanir Rocha de Oliveira.O garçom Nadson de Santana Fernandes também criticou a alta, mas disse que não deixa de comprar o produto. “Gosto muito de pãozinho, como pelo menos quatro por dia. Mas o preço está mesmo muito alto”. O aposentado Ângelo Marcondes cortou o produto de sua mesa. “Eu mesmo não como mais o pãozinho, mas minhas netas adoram. Aí não tem jeito, venho comprar - mas sempre fico de olho para alguma promoção”, afirmou.A reportagem circulou ontem em várias regiões de Campinas e constatou que o preço médio do pão francês varia de R$ 8,00 a R$ 9,50. O valor mais em conta do quilo foi encontrado no Extra Abolição (R$ 6,49), e o mais alto na Padaria Pão do Cambuí (R$ 10,20). O presidente do Sipac lembrou que os supermercados subsidiam o custo do pão para atrair o consumidor às compras. “A estratégia deles é vender o pão mais barato para que o consumidor coloque outros produtos no carrinho. Não há como fazer isso nas padarias, onde o pão é o carro-chefe das vendas”, disse.“Liquidação”Há três anos, o casal Kelly Cristina e Renan Santana comprou a Padaria Santa Fé no bairro São Bernardo. Na época, a saca com 25 quilos da farinha de trigo custava R$ 25,00. Hoje, está em quase R$ 60,00. “Não tem como segurar os preços. O que tentamos fazer é ir repassando o aumento aos poucos", disse Renan. Para não perder clientes, o casal decidiu vender pão fabricado no dia anterior a um preço menor.“Aumentou a procura pelo pão amanhecido depois do aumento. O nosso pão do dia sai por R$ 7,89 o quilo, enquanto o amanhecido custa R$ 4,90. Os consumidores usam principalmente para fazer torradas”, contou Kelly. Ela ressaltou que só nos últimos dois meses a farinha de trigo já subiu três vezes. “E os vendedores disseram que os aumentos vão continuar nos próximos meses”, disse.O gerente da Padaria Integral, no Cambuí, Gelson Ferreira Torres, afirmou que não houve aumento de preço do produto neste ano. “O quilo custa R$ 9,90 e estamos mantendo o mesmo valor. A concorrência é forte na nossa região”, comentou. Ele lembrou que a padaria oferece promoções que incluem o pãozinho entre os itens. 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