Os uniformes de Guarani e Ponte
Não sei se o relacionamento entre Guarani e Lupo será abalado pelo papelão que o clube passou ao mandar seu goleiro a campo com o meião da Ferroviária. O fato de também ter recebido uma meia do América-MG em outro lote deve ter contribuído para diminuir a tolerância do clube com seu fornecedor. O episódio tanto pode ser superado, como também terminar com a rescisão de contrato.
Não entendo por que Guarani e Ponte Preta não tentam negociar com fornecedores de material esportivo mais famosos, que fazem as camisas de grandes times do Brasil e do mundo. A Lupo não é pequena, longe disso. Mas ainda está procurando espaço no mercado de futebol. É por isso que fornece uniforme para times como Ferroviária, América-MG, ABC e São Caetano. Esse ano, assinou com o Atlético-MG, num sinal que está mesmo de olho em uma fatia maior do mercado. Mas, por enquanto, está distante das empresas de primeiro escalão. O episódio das meias trocadas (que também já aconteceu com a Champs no Vitória) deixa isso bem claro.
A Ponte usa uniforme da Pulse, outra marca que tenta entrar no mundo da bola por Campinas. A Macaca é sua única equipe no País. Não vou discutir a qualidade dos produtos da Lupo, da Pulse e nem de outras marcas adotadas pelos dois clubes nos últimos tempos, algumas muito criticadas por torcedores e atletas. Mas acho que as duas diretorias deveriam avaliar, em negociações futuras, se não vale a pena mudar de estratégia e conversar com as gigantes.
É evidente que alguma compensação Guarani e Ponte devem ter para assinar com as empresas que estão buscando espaço. Mas é preciso avaliar se não vale a pena ganhar pelo outro lado, oferecendo ao torcedor um material de maior apelo comercial e, ao mesmo tempo, valorizando as marcas dos patrocinadores. Para as empresas que investem no futebol, é sempre mais interessante ter seu nome em uma camisa de excelente qualidade, produzida por empresas de ponta.
O Pulo do Gato acaba de assinar com a Umbro, que produz os uniformes do Manchester City e da seleção da Inglaterra. O acordo foi viabilizado com a ajuda de Amoroso, um ídolo do Guarani.
Acidentes como o do meião trocado podem acontecer com qualquer empresa, mas, convenhamos, fabricantes com o know how da Umbro dificilmente vão expor seus parceiros a situações constrangedoras como essa.
E não venham dizer que as grandes empresas só se interessam pelos grandes clubes e seleções. A Chapecoense, que chega em 2013 à Série B, vai disputar a segunda divisão com camisa da Umbro.
O Red Bull veste Adidas. É um caso bem particular, já que a multinacional alemã fornece o uniforme de todos os times da Red no mundo. Ainda assim, é uma marca poderosa, que veste Fluminense, Palmeiras, Real Madrid, Milan e Chelsea. Será que Guarani e Ponte não podem dar um passo à frente? No dia que o fizerem, certamente deixarão seus torcedores felizes e orgulhosos.