EQUADOR

Os tesouros escondidos de Cuenca

Cercada pela Cordilheira dos Andes, a cidade guarda uma rica parte da história equatoriana

Shana Pereira
shana.pereira@rac.com.br
09/09/2013 às 11:34.
Atualizado em 26/04/2022 às 01:18

Região é rica em história e conta com paisagens estonteantes ( Divulgação)

Quando você programa a viagem de férias, imediatamente começa a pesquisa para saber tudo sobre os atrativos que os lugares oferecem. Se nesse caso, o destino for o Equador, o país esconde em suas cidades históricas muita cultura e atrações naturais. A cidade de Cuenca, por exemplo, vem ganhando espaço na rota dos turistas que procuram por esses atrativos e oferece uma rica diversidade cultural deixada pelos cañaris, incas e colonizadores espanhóis.Cercada pelas montanhas da Cordilheira dos Andes, Cuenca — cujo nome completo é Santa Ana de los Rios de Cuenca — fica a mais de 2,5 mil metros acima do nível do mar e está localizada ao sul do país a 441 quilômetros de Quito (capital). É a capital da Província de Azuay, com população superior a 500 mil habitantes e a terceira maior cidade equatoriana. A esplêndida arquitetura colonial espanhola do lugar é considerada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura- UNESCO, desde dezembro de 1999. A cidade encanta os visitantes com seu centro histórico preservado, que pode ser a porta de entrada para começar a entender melhor a cultura dos povos que conquistaram o local. É o tipo de trajeto que deve ser percorrido e observado a pé, proporcionando aos turistas o acesso às igrejas, praças, museus, monumentos, restaurantes, mercados e cafés. Caminhando pode-se ver as calçadas estreitas, as ruas de pedras e desenhos conservados nas paredes dos casarões históricos. Mas, um olhar mais atento também revela uma riqueza cultural nas casas mais simples, com suas belas fachadas feitas com gesso, além dos pátios internos e os jardins com plantas nativas. Um cenário que impressiona o visitante.Entre os belos templos religiosos está a Catedral da Imaculada Conceição, ou Catedral Nova. É o maior e mais importante monumento de fé dos católicos cuencanos. A construção foi iniciada em 1885 e durou cerca de cem anos. O estilo renascentista se mostra em enormes cúpulas cobertas por azulejos da ex-Checoslováquia. A igreja fica na Praça Parque Abdón Calderón e permanece aberta todos os dias para visitação. Durante a semana, basta dar uma volta pela praça para ver a vida calma e tranquila que a cidade interiorana oferece. Os cuencanos são hospitaleiros, gentis e muito cordiais. A população é formada por uma mistura de etnias – cañaris, incas e espanhóis – resultando em uma diversidade estilos. Um dos destaques da região são as cholas, mulheres com traços étnicos marcantes e vestimentas coloridas. A tradição delas convive e contrasta com a modernidade representada por engravatados que transitam pelo Centro.Em frente à Igreja do Carmen de La Asunción está a Praça das Flores, onde são realizadas típicas feiras que oferecem aos fiéis várias opções de flores e artigos religiosos para serem abençoados ou deixados em adoração aos santos nos altares das igrejas. Andando um pouco mais, vemos a Igreja de El Sagrario, a Catedral Velha. A primeira paróquia da cidade tem no interior o estilo barroco e renascentista, um altar central com as belas pinturas restauradas, três naves e sete laterais.Perto dali, os visitantes têm a oportunidade de conhecer vários museus. Um deles é o Museu das Conceptas, que conserva objetos e peças de arte religiosa utilizados no antigo monastério que funcionava naquele prédio. O ingresso sai por US$ 2,50. Outra opção é o Museu de Arte Moderna, localizado em um belo casarão de 1876 já funcionou como local de tratamento de alcoolicos — conhecido como "Casa de los Ebrios" ou "Casa de la Temperancia" — residência, asilo, prisão e consultório médico dedicado às classes mais baixas da cidade. Mas desde 1981, abriga o museu de arte contemporânea de Cuenca com trabalhos artísticos nacionais e de outros países, como quadros, esculturas e instalações. As obras são expostas nas antigas celas onde os alcoólatras eram aprisionados durante o tratamento. A entrada é gratuitaJá o Mercado 10 de Agosto é um grande centro comercial utilizado pela população local. Apesar de não ter características turísticas, vale a pena passar por lá e apreciar a diversidade de frutas da região, entre elas, a amora, que enche os olhos do visitante. Além dos produtos hortifruti, as comidas típicas preparadas na hora são outra atração. E, para quem acredita em crenças, dentro do mercado encontram-se as famosas curandeiras. Elas atraem muitas pessoas que diariamente vão em busca da cura para seus problemas. As religiosas benzem com ramos de flores, o ritual é bem interessante, quem não participa deve, pelo menos, observar. Elas quebram um ovo para ver se a pessoa tem algum tipo de doença e, em seguida, esfregam uma pedra nos braços e nas pernas do atendido. Mas a parte mais curiosa é quando elas enchem a boca de uma mistura especial e depois espirram esse líquido por todo o corpo de quem pede algum tipo de proteção.Outro atrativo de Cuenca é passear pelas margens do Rio Tomebamba que divide o município em duas partes: a cidade antiga e a moderna. Ao longo de seu trajeto, é possível ver casarões coloniais que deslumbram os olhos de quem passa por ali. Com uma vista privilegiada pode-se ver a Igreja de Todosantos, ícone patrimonial da cidade que está sendo restaurada para tornar-se uma “igreja-museu”.Saindo um pouco do centro histórico, cerca de quatro quilômetros em direção ao sul, chega-se ao Mirador Turi, onde a vista panorâmica é de tirar o fôlego. Existem duas formas de chegar ao mirante. Quem optar por ir de táxi vai gastar até US$ 5 mas se quiser economizar, pode subir de ônibus, gastando somente US$ 0,25. O entardecer é o horário propício para visitar o local e assistir a um lindo pôr-do-sol aos pés da Paróquia de Turi. O momento é único e inesquecível e com certeza deve ser incluído no roteiro. Chapéu PanamáProcesso totalmente manual faz desse, um acessório valioso. Conhecido mundialmente, o chapéu Panamá, ao contrário do que se pensa, é de origem equatoriana. É lá que a legítima palha toquilha — utilizada para a fabricação do acessório — é produzida. No Equador, o adereço tão usado por milhares de pessoas mundo afora, passa por um importante trabalho de confecção que se inicia em um cuidadoso trabalho com as fibras. Os fios seguem uma série de etapas antes mesmo do início da confecção. As fibras também podem receber diversas colorações, processo feito com colorantes naturais que levam de oito a nove dias para que as diferentes cores fixem na palha. O trabalho é totalmente manual. Além dos lindíssimos chapéus, a palha serve também para fabricar cestos, bolsas e carteiras. A cidade de Cuenca é um dos mais importantes pontos de exportação dos tradicionais sombreros (chapéu, em espanhol). Quem se interessar em conhecer o processo de confecção desse famoso produto equatoriano, basta visitar o Museu Homero Ortega, onde é contada a história do acessório. Na saída, os chapéus são comercializados em uma loja específica para os visitantes, oferecendo modelos que agradam a todos os bolsos e gostos. O valor do adereço é determinado pelo tipo de trama e qualidade da palha. É quase impossível deixar a loja sem adquirir um modelo. Os preços começam em US$ 20 e podem chegar a até US$ 2 mil.A repórter viajou a convite da Fundação Municipal de Turismo para Cuenca e da Lan.

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