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Os Incríveis 2 segue a fórmula infalível da Disney

Falando sobre temas importantes com sutilidade, Os Incríveis 2 estreia com promessa de sucesso, e já parece ter cumprido sua meta

Beatriz Maineti
29/06/2018 às 11:28.
Atualizado em 28/04/2022 às 14:18
Filme estreou na última quinta-feira, e trata de temas importantes com a sutileza da animação (Divulgação)

Filme estreou na última quinta-feira, e trata de temas importantes com a sutileza da animação (Divulgação)

Quatorze anos depois, Os Incríveis 2, da Disney/Pixar, finalmente chegou aos cinemas, e já surpreendeu o público. O filme, que fez muitas crianças desejarem ter uma família superpoderosa, fez um grande sucesso com público de todas as idades, e mostrou que a fórmula animação + super-heróis era realmente infalível. Mesmo deixando as risadas no ar, a animação de 2004 mostrava uma temática mais séria, e falavra sobre as frustrações da vida adulta, entretendo as crianças e colocando a pulga atrás da orelha dos adultos. Os Incríveis 2, que estreou ontem (28), mantém esse equilíbrio perfeito, e traz uma quebra de padrões divertida. O enredo é previsível, mas isso não tira a emoção e a diversão. É, literalmente, um filme para toda a família. Brad Bird, diretor e roteirista dos dois filmes, coloca ambos numa conversa direta, sem tirar diálogos e sem adicionar exageros. Os cinco integrantes da família Pêra começam o filme como terminaram o outro: se escondendo. Os super-heróis ainda são proibidos numa sociedade que os baniu, acreditando que o mal que eles causavam era maior do que o bem-estar que proporcionavam. Sendo assim, no filme de 2018, uma dupla de bilionários, Wilson e Evelyn Deavor, pretendem mudar de vez essa situação, e recrutam a Mulher Elástica, alter-ego de Helena Pêra, para mostrar ao mundo a perspectiva dos heróis. Enquanto isso, Roberto Pêra, o Sr. Incrível, recebe a missão de ficar em casa e cuidar da família, sua missão mais difícil. Para denunciar os padrões nocivos de um relacionamento, seja ele amoroso ou não, Bird demonstra a relutância do marido em assumir as responsabilidades, que são deixadas para a esposa. Quebrando os padrões, Helena precisa se reconciliar com seus poderes para poder mudar a vida dos heróis escondidos, e Beto precisa ficar em casa e deixar o Sr. Incrível de lado. O filme, que se passa entra a década de 1960 e 1980, propõe uma visão completamente diferente do arranjo familiar. Além disso, mostra a luta complexa de egos.  Outra questão apresentada, de maneira forte e pontual, é o trabalho em equipe. Os esforços conjuntos levam ao sucesso, enquanto uma andorinha sozinha não faz verão. Para que Helena possa salvar os heróis, Beto precisa ajudar Flecha com o dever de casa, lidar com os dramas adolescentes de Violeta e ficar de olho no bebê, que reserva muitas surpresas para os pais nesse segundo filme. Pensando nisso, é possível notar uma brincadeira entre os poderes e as personalidades dos heróis, dando a cada movimento físico um contorno psicológico. Por exemplo, o poder da Mulher Elástica condiz com sua habilidade de se desdobrar para atender toda a família. Tudo no filme para ser feito para encaixar. Usando esse conceito de encaixe, a dublagem brasileira cabe como uma luva. Todos já sabiam desde o primeiro filme que Os Incríveis era uma obra-prima de dublagem e tradução, tanto nos nomes dos personagens quanto nas próprias falas do filme. Desta vez, não foi diferente. Os dubladores da família Pêra não mudaram, então o destaque principal vai para os novos personagens apresentados em Os Incríveis 2. Evelyn e Wilson Deavor são dublados, respectivamente, por Otaviano Costa e Flávia Alessandra, que dão a entender que os personagens foram desenhados especialmente para os atores brasileiros. Não há um erro de tradução, entonação ou caracterização. É perfeito. E, apesar de menores participações, Evaristo Costa, o ex-apresentador de telejornal, dá um toque ainda mais sutil e divertido ao jornalista Shade. Os Incríveis 2 promete levar pais e filhos para o cinema e divertir o público durante mais de duas horas de filme. Falando sobre maturidade, responsabilidades, família e realização pessoal tão naturalmente, alguém com um pouco menos de atenção pode não perceber seus temas, e focar na história de heróis com roupas bonitas e chamativas lutando contra o mal. Para os menos atentos, os elementos mais importantes são o bebê fofo e divertido, a excentricidade de dois bilionários, a superioridade de Edna Moda e as brincadeiras com a rotina familiar. Já para quem nota os detalhes, é muito mais. Embora não jogue sua mensagem de maneira tão forte como fez em Zootopia, por exemplo, a Disney e a Pixar souberam, mais uma vez, divertir e fazer pensar. Falar sobre o empoderamento feminino, quebra de padrões, família e conflitos de maneira tão leve virou uma espécie de marca registrada para Os Incríveis 2. O mais bonito do filme é fazer a beleza da história e a seriedade da mensagem acontecerem ao mesmo tempo.

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