JOGO RÁPIDO

Os gênios inspiram. Os medíocres...

Coluna publicada na edição de 14/10/18 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
14/10/2018 às 02:00.
Atualizado em 06/04/2022 às 16:26

Usain Bolt marcou dois gols em um amistoso de preparação do Central Coast Mariners para o Campeonato Australiano. O homem mais rápido do mundo sonha em ser jogador profissional de futebol e deve vestir a camisa do Mariners no próximo dia 21, quando o time fará sua estreia na liga australiana contra o Brisbane Roar. É lógico que marcar gols em um amistoso contra o Macarthur South West United não é um feito espetacular. Mas se Bolt disputar mesmo o Australiano já será algo absolutamente fora do comum. Não é uma das melhores ligas do planeta, mas é um campeonato profissional. A Austrália é a 43ª colocada no ranking da Fifa, à frente de seleções como Rússia e Japão. Em sua conta no Twitter, Bolt postou o vídeo de seu primeiro gol com a seguinte frase: “Qualquer coisa é possível. Não pense em limites.” É muito difícil, para qualquer atleta, ser profissional em dois esportes tão diferentes. Durante toda sua vida, Bolt treinou, treinou e treinou para ser o mais rápido. Para largar melhor. Para ganhar décimos de segundos. Aos 32 anos, sua velocidade ainda pode ser útil nos gramados. Mas a presença da bola e de zagueiros na história transforma tudo em um enorme desafio. Revejam com atenção o 5º gol do Goiás contra o Juventude, no jogo de sexta-feira pela Série B. O goleiro do time gaúcho foi ao ataque para tentar marcar o gol de empate, mas o adversário recuperou a posse da bola e ele voltou correndo para sua meta. Notem como ele corre de estranho, desengonçado, lento até. Isso é normal. Goleiros não treinam para correr. E por isso correm de modo tão diferente de um jogador de linha. Imaginem um atleta de outra modalidade. Tenho certeza que muitos analistas vão criticar Bolt por jogar em um campeonato tecnicamente fraco como o australiano. Muitos vão ironizá-lo por ter a pretensão de jogar no Manchester United ou no Borussia Dortmund. Isso aconteceu com Michael Jordan, criticado por ser um jogador mediano de beisebol. MJ trocou rendimentos de US$ 70 milhões por um salário de US$ 10 mil para realizar seu sonho de infância de jogar beisebol. Evidentemente, foi mediano, talvez nem isso. Mas o fato de o melhor jogador da história do basquete ter jogador beisebol profissional já é fantástico. Assim como será fantástico ver Bolt jogar futebol na Austrália ou onde mais ele conseguir. Usain Bolt inspira as pessoas, mostrando a elas que não devem se impor limites. Os críticos que enxergam mediocridade onde existe genialidade e superação fazem o contrário.

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