JOGO RÁPIDO

Os danos de uma má gestão

Coluna publicada na edição de 9/8/19 do Correio Popular

Carlo Carcani Filho
09/08/2019 às 01:00.
Atualizado em 30/03/2022 às 19:00

Bicampeão da Copa da Brasil, o Cruzeiro iniciou a temporada como um dos times capazes de incomodar Palmeiras, Flamengo e Grêmio, principais candidatos à conquista do título brasileiro e de outras competições importantes. Vários fatores indicavam que o time de Belo Horizonte iria figurar entre os melhores de 2019. O técnico Mano Menezes estava no cargo desde julho de 2016 e conhecia muito bem o clube e o elenco, recheado de jogadores caríssimos, como Fábio, Dedé, Rodriguinho, Thiago Neves, Fred e Pedro Rocha, apenas para citar alguns. O caixa foi reforçado pela venda de Arrascaeta ao Flamengo por mais de R$ 63 milhões. Tudo indicava que o Cruzeiro teria outra temporada marcante, talvez com a conquista de um inédito tricampeonato na Copa do Brasil. A conquista do terceiro título seguido ainda é possível, mas absolutamente improvável. O antes “favorito” se transformou na maior decepção da temporada. Mano Menezes pediu demissão na quarta-feira, depois de perder para o Inter por 1 a 0, no Mineirão, na primeira partida da semifinal da Copa do Brasil. Foi o oitavo jogo seguido sem que o Cruzeiro fosse capaz de marcar um golzinho. É uma marca impressionante para qualquer time fraco. Para um grande com elenco caríssimo, é inadmissível. Em suas últimas 18 partidas, o Cruzeiro venceu apenas uma e perdeu dez. Marcou 12 gols e sofreu 24. O péssimo desempenho provocou a queda de Mano, mas o treinador não é o único culpado por um período tão turbulento. O Cruzeiro passou de favorito a saco de pancadas porque as consequências de sua má gestão começaram a surgir. No final de maio, uma reportagem do Fantástico revelou uma série de irregularidades na Toca da Raposa. A dívida do clube estaria na casa dos R$ 500 milhões. O Cruzeiro passou a ser investigado por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. No dia 9 de julho, a Operação Primeiro Tempo fez buscas em diversos endereços ligados ao time mineiro. Mais de 100 policiais civis participaram da ação, que apreendeu os celulares do presidente do Cruzeiro, Wágner Pires de Sá, e do diretor-geral, Sérgio Nonato. O time não está na zona de rebaixamento do Brasileirão por causa da falta de pontaria de seus atacantes, pela vulnerabilidade de sua defesa ou pela brutal queda de aproveitamento de seu ex-treinador. O Cruzeiro vive um dos anos mais difíceis de sua história por ter sido conduzido por maus dirigentes. Uma gestão desonesta é capaz de arruinar qualquer trabalho de campo, por melhores e mais bem pagos que sejam os atletas.

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