Falar abertamente de sexo com os filhos, desde pequenos, é a forma mais eficaz de prevenir
O número de gestações na adolescência caiu 30% na última década, porém, ainda continua alto, segundo a ginecologista e obstetra Alba Cristina Salvi, do Instituto Dra. Alba. Para ela, toda educação ajuda a formar novas ideias e a reverter atitudes. “Principalmente, a educação familiar deveria se modificar porque, nos últimos tempos, os pais saíram para o campo de trabalho e terceirizaram a criação de seus filhos e isso gerou muitos problemas, como drogas e relações sexuais sem controle”, avalia. “Já nas escolas, a orientação dos educadores ajuda a diminuir a gestação inadequada e também doenças sexualmente transmissíveis, as DSTs.” A orientação sobre prevenção à gravidez deve começar a partir do momento que a criança esteja apta a entendê-la. “É claro que respeitando a idade e amadurecimento de cada indivíduo”, esclarece a ginecologista Alba. “Podem começar as informações de forma lúdica desde a infância.” Segundo ela, os pais devem, obrigatoriamente, levar seus filhos ao ginecologista e ao urologista no início da puberdade, quando os hormônios se afloram, ou antes disso, se tiverem dificuldades como infecção e outros. Os pais devem ficar atentos, já que existem alterações fisiológicas no organismo do adolescente. Alba explica que, a partir da puberdade, o corpo da menina se modifica, com crescimento dos seios, aparecimento de pelos e aumento do odor. Aparece a acne, aumenta a oleosidade da pele e, ciclicamente, há alteração de humor. Hoje, por exemplo, as meninas menstruam mais cedo. “Atualmente, as meninas recebem hormônio indiretamente através de alimentos como gado de engorda e outros que alteram seu desenvolvimento, adiantando a puberdade.” Apesar da menina estar apta para engravidar a partir da primeira menstruação, Alba explica que o seu organismo ainda está imaturo, podendo aumentar os riscos de alteração genética e complicação gestacional. Os principais riscos da gravidez, segundo ela, são trabalho de parto prematuro, envelhecimento precoce da placenta, retardo do crescimento intrauterino, doença de hipertensão gestacional, descolamento de placenta, desequilíbrio endocrinológico, diabete e síndromes genéticas. Segundo Alba, a gravidez na adolescência é fruto de mudanças sociais como o início precoce de relações e multiparidade de parceiros, aliados à falta de anticoncepção adequada e da desinformação dos jovens. “O pré-natal da adolescente é diferenciado devido ao aumento de riscos e deve ser mais detalhado, com visitas mais próximas.” E, como nem sempre a gestação vai ao encontro dos desejos e sonhos, isso pode gerar a rejeição do feto e frustação da mãe. “Neste caso, o acompanhamento psicológico é fundamental para interagir mãe e feto”, diz a médica. AS PRINCIPAIS CAUSAS Medo de perder o namorado - Muitas garotas, ainda inseguras, topam abrir mão da camisinha por medo de perder o namorado. O papel dos pais é fortalecer a autoestima delas para que consigam dizer não e orientar os garotos a nem pensar em sexo sem proteção. É preciso deixar claro que gravidez é responsabilidade da menina e também do menino. Imaturidade - Adolescentes acreditam que coisas ruins, como engravidar sem usar proteção, só acontecem com os outros. Bebedeiras - Depois de beber demais ou usar drogas proibidas, as chances de ter relações com alguém e não pensar em proteção são maiores. Uso errado da pílula do dia seguinte- Para que os pais não descubram a cartela de anticoncepcional na bolsa ou para fugir desse compromisso diário, as meninas substituem a pílula tradicional pela do dia seguinte toda vez que transam sem camisinha. A medida é arriscada porque pode provocar problemas de saúde. E a eficácia desse método diminui com seu uso constante. Crença em métodos falhos - Existem adolescentes que acreditam que fazer tabelinha, evitando sexo no provável período fértil do mês, ou o método do coito interrompido (quando o homem ejacula fora da vagina) são formas seguras de evitar a gravidez. Esses métodos são falhos.