Assisti ao Queen Experience In Concert na quarta-feira e, como sempre acontece quando vejo um espetáculo relacionado à banda, sinto orgulho por ser fã, desde o início dos anos 80, do trabalho genial de Freddie Mercury, Brian May, Roger Taylor e John Deacon. Senti esse orgulho quando fui ao cinema para ver o estrondoso sucesso de Bohemian Rhapsody, quando fui ao teatro para ver o musical We Will Rock You e quando vejo meu filho de 13 anos tocando e curtindo sucessos que fizeram parte da minha infância. Sou apenas um entre milhões de fãs espalhados pelo mundo, mas me sinto especial por ter notado o talento mais do que especial da banda desde a primeira vez que ouvi uma música do Queen. É muito fácil ser fã de uma banda talentosa. Assim como é muito fácil torcer para Barcelona, Bayern ou Juventus, clubes gigantes e milionários, que contratam os melhores e mais criativos jogadores do mundo e conquistam títulos com enorme frequência. Mas e quem torce para times do Interior, como Guarani e Ponte Preta? Como ser fã de quem concorre, ano após ano, com rivais que podem gastar 20 ou 30 vezes mais? Como ser fã de quem, vira e mexe, tem que se contentar em fazer uma “campanha de permanência”? Como ser fã de um time que vende o seu melhor jogador baratinho depois de poucos jogos? Como ser fã de um time que precisa superar todos seus limites para apenas se manter na Série A? Como ser fã de um clube dividido por intermináveis e desnecessárias guerras internas entre dirigentes e empresários? Como suportar mais um erro da arbitragem a favor de um grande naquele jogo decisivo? Definitivamente, não é fácil. Se você não gosta de uma música da sua banda preferida, mude para a próxima. Será legal, assim como a próxima, a seguinte e a outra. É assim com o Queen. Não é fácil torcer para um time do Interior. Mas pode ser muito prazeroso sim, desde que se tenha capacidade para manter em mente os motivos para se orgulhar. Nunca se esqueça das primeiras vezes em que foi ao estádio, provavelmente de mãos dadas com alguém especial na sua vida. Nunca se esqueça do prazer que sente quando volta ao mesmo estádio e se lembra de tantas histórias que fazem parte da sua vida. Nunca se esqueça da euforia de vitórias marcantes, de gols memoráveis e de grandes campanhas. São raras, mas inesquecíveis. Nunca se esqueça que você não precisa ter um ataque dos sonhos para ser feliz. O que te faz feliz é aquela camisa que você adora vestir. O que te emociona é o hino que você canta desde sempre. Nunca deixe que uma derrota, um mau dirigente ou uma campanha sofrível abale o amor pelo seu clube. Seu orgulho de fã precisa estar vivo o tempo todo. Afinal, nunca se sabe quando terá que pegar alguém pelas mãos e entrar por aquele mesmo portão. E, nesse dia, é o tamanho do seu orgulho que vai ter o poder de criar mais um fã. Um fã que pelo resto da vida vai amar seu time, mesmo que o camisa 10 não seja genial como Freddie Mercury.