Presidente da Câmara dos Vereadores de Campinas, Zé Carlos (Divulgação/Câmara dos Vereadores de Campinas)
A revelação pública das gravações das conversas vexatórias, desavergonhadas, imorais e antirrepublicanas, que evidenciam o assanhamento do presidente da Câmara Municipal de Campinas, vereador Zé Carlos (PSB), para cima de um empresário, ao lhe pedir, descaradamente, o pagamento de uma gorda propina para a prorrogação de um contrato de prestação de serviços com a Casa de Leis, fez emergir toda uma provável podridão moral e corrupta que, se comprovada em trânsito e julgado, maculará a sua gestão à frente da assembleia do povo campineiro. Diante de evidências de corrupção tão escancaradas e abjetas, contidas nos áudios publicados nesta quinta-feira, não resta outra saída ao presidente do Legislativo senão a de afastar-se do cargo, até que os meandros dessa obscura negociação sejam desvendados pelo Ministério Público, que investiga esse rumoroso escândalo envolvendo o dinheiro público e a obtenção de vantagens indevidas.
Se não bastasse isso, o mesmo Zé Carlos também é investigado por prática de rachadinha, termo vulgar que designa a retenção de parte dos salários pagos pelo erário aos servidores comissionados que trabalham na Câmara e em outros órgãos do Poder Público. Até agora, Zé Carlos se esforça para ignorar o óbvio, revelado pelo conteúdo nebuloso das conversas indecentes com o seu interlocutor, fazendo-se de impoluto. Obviamente, o direito lhe faculta a presunção de inocência e contraditório, mas não basta parecer honesto, será preciso provar essa condição. Contudo, a julgar pelos diálogos capciosos gravados e entregues aos promotores de Justiça que investigam o caso, o presidente da Câmara terá muito trabalho pela frente para demonstrar que é um homem digno e honrado. Diante disso, a prudência e a lógica recomendam o afastamento de Zé Carlos da presidência da Casa.
Ao ver-se envolvido em dois escândalos de tamanha magnitude - corrupção passiva e peculato - a permanência de Zé Carlos no comando da presidência da Casa de Leis tornou-se insustentável, prejudicando o andamento dos trabalhos legislativos e expondo o parlamento a um desgaste de imagem incalculável. Assim, o mínimo que o vereador de Aparecidinha poderia fazer, a bem de Campinas, da ordem moral e da verdade, é anunciar o seu afastamento imediato da presidência até que as investigações do Ministério Público sejam concluídas. Com isso, os vereadores poderão dar continuidade às suas atribuições e, os acusados, terão o tempo livre para exercer o direito constitucional de se defender na Justiça. Que o bom-senso prevaleça.