Fachada da IMA – Informática dos Municípios Associados, em Campinas (Divulgação)
A pandemia da covid-19, crise do petróleo inflada pela guerra no Leste europeu e disparada dos preços dos combustíveis aquecem novamente a polêmica sobre a participação do poder público na gerência de empresas. O antagonismo reinante no cerne desse debate é alimentado por argumentos que se contrapõem na discussão sobre a legitimidade da presença estatal em atividades também exploradas por organizações privadas, como refino e distribuição de derivados de petróleo, gás, energia elétrica, abastecimento de água e saneamento, mineração, siderurgia, transporte e informática, entre outras. Historicamente, quando a economia satisfaz as necessidades básicas da população, com desenvolvimento pleno e geração de empregos, os adeptos do liberalismo econômico conseguem impor as suas teses; por outro lado, em tempos de turbulência e situações extraordinárias, como pandemias e conflitos bélicos, por exemplo, prevalece a posição dos defensores da mão forte do Estado na condução de políticas reguladoras e intervencionistas.
Migrando do campo teórico e doutrinário à realidade, uma notícia publicada na edição de hoje do nosso jornal traz uma experiência bem-sucedida de administração de empresas públicas em Campinas. Trata-se da Informática dos Municípios Associados (IMA), sociedade de economia mista, cujo maior acionista é a Prefeitura de Campinas. O prefeito Dário Saadi determinou uma reformulação de gestão, de modo a torná-la competitiva, cumprindo com os seus valores, missão e objetivos expressos na lei que a criou em 9 de julho de 1976.
Em maio, a companhia faturou R$ 9,2 milhões, valor 24,32% superior ao mesmo período de 2021 e 17,9% maior do que o resultado financeiro obtido em abril deste ano. Com isso, a IMA registra recorde de faturamento em 46 anos de existência, um feito que cristaliza a execução de um novo paradigma administrativo, a exemplo do que já ocorre com outra estrela de primeira grandeza da Administração indireta municipal - a Sanasa Campinas, uma das maiores e mais premiadas corporações de saneamento básico do Brasil.
O resultado da IMA tende a se manter sustentável, dada às últimas parcerias, com destaque para o Google, que desenvolverá novos produtos, ampliando a gama de serviços oferecidos. Os casos de sucesso protagonizados por empresas públicas, como a Sanasa e IMA, evidenciam que uma boa gestão independe do acionista majoritário ser um ente privado ou público, basta que ela seja profissional, transparente e competente.
