EDITORIAL

União de forças para salvar vidas

Do Correio Popular
08/06/2022 às 08:57.
Atualizado em 08/06/2022 às 08:57
"Este espírito de solidariedade e empatia adorna há um século a trajetória dos hospitais filantrópicos campineiros" (Rovena Rosa/ Agência Brasil)

"Este espírito de solidariedade e empatia adorna há um século a trajetória dos hospitais filantrópicos campineiros" (Rovena Rosa/ Agência Brasil)

"Quando um homem morre, morremos todos, pois somos parte da humanidade", escreveu o reverendo e escritor inglês, John Donne, em seu livro "Meditações", de 1624, que reúne 23 pequenas "devoções", uma para cada dia de internação, relativas ao seu processo de adoecimento, cura e outras questões humanas. A obra inspirou o romance de outro autor genial, Ernest Hemingway, intitulada "Por quem os sinos dobram", de 1940, trama ambientada na Guerra Civil Espanhola. As narrativas dessas duas publicações contêm ensinamentos e reflexões a respeito da necessidade de estarmos unidos em torno do esforço para se construir uma forma alternativa de convivência em meio à atual crise sanitária e econômica.

A pandemia da covid-19 afetou as estruturas de serviços médicos e hospitalares. Agora, um dos maiores desafios será o de colocar em dia a fila de cirurgias eletivas que tiveram de ser adiadas devido à emergência de saúde pública. Nesse contexto, é importante destacar um trecho do poema de autoria do pastor inglês que, no leito de morte, escreveu: "Nenhum homem é uma ilha, todo em si; todo homem é uma parte do continente, uma parte da terra; se um torrão de terra é levado pelo mar, a Europa é diminuída, tanto se fosse um promontório, como também se fosse uma casa de teus amigos ou a tua própria; a morte de todo homem me diminui, porque sou parte na humanidade; e então nunca pergunte por quem os sinos dobram; eles dobram por ti."

Do seu quarto, Donne conseguia ouvir o badalar dos sinos da igreja. Seguindo um costume antigo, isso significava o anúncio da morte de alguém nas redondezas. Diante do som característico produzido pelo acionamento do badalo, as pessoas questionavam: "Por quem os sinos dobram?" Em outras palavras: "Quem faleceu?" Curiosamente, o reverendo também se perguntava se elas não pensavam que ele próprio havia morrido. Este espírito de solidariedade e empatia adorna há um século a trajetória dos hospitais filantrópicos campineiros, notadamente os administrados pela Irmandade de Misericórdia e Real Sociedade Portuguesa de Beneficência, chamados para se unirem ao grande mutirão do Governo do Estado para tentar acabar com o drama dos pacientes que, há mais de dois anos, sofrem na fila de espera por uma cirurgia. Como no caso do autônomo Adelson Filho, de 64 anos, uma das centenas de milhares de pessoas que convivem com a agonizante espera para realizar procedimentos importantes que podem salvar suas vidas, porque todas elas importam!

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