Campinas (Ricardo Lima)
Entre os anos de 1870 e 1940, Campinas passou por um intenso processo de desenvolvimento econômico, cultural, demográfico e social, por conta da extraordinária riqueza gerada pelo café. A região concentrava grandes fazendas produtoras do chamado Ouro Verde, cultivado inicialmente por escravos e depois por imigrantes. A cafeicultura fez da região a capital agrícola do Estado de São Paulo, também conhecida como Princesa d'Oeste. No crepúsculo do Império e alvorecer da República, o município experimentou uma industrialização crescente, em parte financiada por plantadores de café, que buscavam diversificar os investimentos diante das recorrentes crises no setor. Dessa maneira, a indústria cafeeira deixou um rastro de prosperidade, com a instalação de ferrovias, bondes, iluminação a gás e depois elétrica, fábricas, comércio diversificado, mercado central, telefone, escolas, hospitais, teatro, entre outras facilidades.
A boa fama de uma terra próspera espalhou-se rapidamente por todo o território brasileiro, inclusive no exterior, atraindo milhares de famílias, que deixavam as suas localidades de origem em busca de uma vida melhor. Isso tornou a economia campineira mais complexa e diversificada. Por outro lado, a cidade rica abrigava muitos pobres e as diferenças sociais se tornaram mais acentuadas e ainda permanecem até hoje. Quando se considera os antecedentes históricos, que explicam as razões pelas quais a Princesa d'Oeste tornou-se um relevante centro produtor de bens e serviços, percebe-se com nitidez o quanto as sucessivas administrações municipais, ao longo de décadas, mantiveram-se cativas em sua visão administrativa turvada pelo transbordamento do capital acumulado, com reflexos positivos na arrecadação de tributos. Com isso, gradativamente, Campinas se transformou em um destino árido para novos investimentos, a partir da década de 80.
Felizmente, o prefeito Dário Saadi (Republicanos) percebeu a discrepância, uma vez que as transformações dos fundamentos da economia nacional e mundial, acentuadas pela pandemia da covid-19, forçaram a uma mudança de paradigma da gestão pública. No caso campineiro, o despertar para uma nova era resultou no lançamento do Programa de Ativação Econômica e Social (Paes) - a iniciativa mais ousada de estímulo ao desenvolvimento econômico da história da nossa cidade. Desde a auspiciosa era cafeeira, não se via algo dessa envergadura, que planeja atrair investimentos da ordem de R$ 4 bilhões e gerar mais de 20 mil empregos. O desafio é enorme, mas o primeiro passo foi dado, resta acompanhar os resultados.