EDITORIAL

Um mutirão em defesa da saúde pública

Do Correio Popular
02/02/2023 às 10:46.
Atualizado em 02/02/2023 às 10:46
Equipe do HC da Unicamp em cirurgia: hospital realizará oito mutirões em sete semanas para reduzir a fila de espera por procedimentos em diversas especialidades (Rodrigo Zanotto)

Equipe do HC da Unicamp em cirurgia: hospital realizará oito mutirões em sete semanas para reduzir a fila de espera por procedimentos em diversas especialidades (Rodrigo Zanotto)

Ao emitirem um sinistro alerta de saúde global, em janeiro de 2020, sobre um vírus desconhecido, denominado Síndrome Respiratória Aguda Grave-Coronavírus 2 (Sars-Cov-2), detectado em Wuhan, província de Hubei, na China, as autoridades sanitárias mundiais ainda não se davam conta do que a humanidade enfrentaria nos próximos dois anos. Em novembro de 2021, devido à alta transmissibilidade do agente viral, o mundo contabilizava mais de 45 milhões de casos em 219 países. Àquela altura, as campanhas de vacinação eram intensificadas para fazer frente ao "tsunami sanitário" que varreu boa parte do planeta.

Com uma proporção de casos sintomáticos que requerem hospitalização de 10%, combinada com uma maior necessidade de internações em unidades de terapia intensiva e uma taxa de mortalidade de 3%, os hospitais começaram a reduzir os atendimentos agendados, incluindo os oncológicos, aumentando os riscos aos pacientes inerentes à postergação de tratamentos.

Logo, a pandemia causou estragos nos serviços hospitalares de rotina. Em Campinas, não foi diferente. Tanto que o governo do Estado de São Paulo antecipou-se em 2022, criando um mutirão visando a diminuir a enorme fila de espera por intervenções adiadas. Em todo o Estado, 538 mil atendimentos estavam represados. Com o mutirão iniciado no ano passado, reduziu-se em cerca de 40% essa demanda represada. Agora, um novo esforço coletivo começa a ser organizado pelo Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp com a mesma finalidade. 

Embora o remédio adotado tenha sido amargo, o adiamento das cirurgias eletivas proporcionou maior segurança ao paciente, protegendo-o da transmissão nosocomial do vírus e das complicações pulmonares pós-operatórias associadas. Além disso, as equipes cirúrgicas puderam ser realocadas a outras especialidades e linhas de frente no atendimento aos infectados pela covid. Estima-se que 72,3% das cirurgias não emergenciais no planeta foram canceladas durante o pico da covid nas primeiras 12 semanas.

Considerando-se que aproximadamente seis milhões de procedimentos são realizados a cada semana mundialmente, ficou claro que os cancelamentos aumentariam muito, o que exigiria um empenho gigantesco das autoridades de saúde pública para regularizar a situação posteriormente. Diante desse quadro, a postura assertiva do governo paulista e do HC da Unicamp é fundamental para salvar vidas e atenuar as tensões criadas pela pandemia. 

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