Turbulência

Estamos atravessando um período particularmente turbulento no cenário político e econômico mundial. Mal saímos de uma pandemia, que certamente foi a maior emergência sanitária das últimas décadas, e já existem vários novos desafios a superar. A inflação está em alta em grande parte do mundo e existe a perspectiva de retração econômica nas grandes economias ocidentais.

Estados Unidos

Neste ano, os Estados Unidos entraram em recessão técnica, com dois trimestres seguidos de variação negativa no PIB. A inflação norte-americana já começou a recuar, mas continua muito acima dos níveis normais (atualmente está em 8,5% ao ano) e exigirá uma continuidade da política monetária contracionista, ou seja, novos aumentos das taxas de juros. Isso certamente não ajudará no crescimento da economia por lá.

FRASE

“O FED não pode levitar os mercados para sempre. Acho que temos que estar preparados para uma quantidade considerável de turbulência."

Charles Dallara, banqueiro norte-americano

Europa

No lado da Europa a situação é ainda mais crítica. O continente está vivendo o maior conflito armado em seu território desde a guerra dos Balcãs. Certamente a guerra na antiga Iugoslávia foi mais sangrenta, mas não menos delicada, pois o conflito atual na Ucrânia envolve a Rússia, que não só é uma potência nuclear como também é um dos maiores exportadores mundiais de petróleo e gás natural. 

Energia

A Europa tem uma grande dependência energética da Rússia. Mais de 40% de todo o gás natural consumido na União Europeia vem da Rússia, tanto para geração elétrica, consumo industrial ou aquecimento. A Rússia já reduziu significativamente o fornecimento e ameaça reduzir ainda mais se as sanções econômicas que está sofrendo não forem retiradas. 

Energia 2

A União Europeia estabeleceu um plano de eliminar toda a importação de energia da Rússia até o fim do ano, mas esse corte logo quando as temperaturas começam a cair no continente europeu irá exigir medidas emergenciais. Usinas nucleares que seriam descomissionadas permanecerão operando. Muitos países também estão reativando usinas a carvão, mais poluentes, e até cogita-se a possibilidade de usar óleo para geração emergencial. 

Inflação

Com as restrições de fornecimento do gás russo, os preços dispararam no continente. De um dia para o outro, o gás natural subiu 30% na Europa. A inflação no continente ainda não começou a recuar e o auge pode ainda estar por vir, quando os preços gerais forem afetados pelo custo da energia. Por conta disso, o Banco Central Europeu promoveu nesta semana um aumento de 0,75 ponto percentual nas taxas de juros, o maior aumento na história do Euro.

Rainha

Até a morte da rainha Elizabeth II, por mais simbólico que o seu cargo fosse, representa um momento de ruptura. Para se ter uma ideia, basta dizer que ela já era rainha quando Mao Tse Tung e Stalin ainda eram os líderes da China e da União Soviética, respectivamente. O príncipe Charles, agora rei, assume a coroa meses após um escândalo de doações milionárias recebidas em dinheiro vivo para sua fundação. 

Brasil

No Brasil, a inflação já está recuando, mas o processo de combate à alta dos preços pode ser prejudicado por conta da situação internacional. Podemos ser impactados por variações nos preços de fertilizantes (a Rússia é nosso maior fornecedor) e da energia. O preço do diesel pode ser afetado se houver uma corrida ao óleo para geração elétrica além, é claro, do gás natural liquefeito que o Brasil importa para as termelétricas. 

Oportunidade

Mas existem também oportunidades para o Brasil. Se as oportunidades de crescimento forem menores na Europa e nos Estados Unidos, o Brasil pode ser tornar o destino preferencial de investimentos. Sempre existirão investidores à procura de boas oportunidades. Mas para isso temos que fazer a lição de casa, mantendo o controle das contas e buscando melhorar o ambiente de negócios e aumentar nossa produtividade e competitividade.