XEQUE-MATE DA ECONOMIA

Turbulência

Estéfano Barioni
25/04/2022 às 21:18.
Atualizado em 26/04/2022 às 08:12

As principais bolsas do mundo caíram com forte intensidade (Divulgação)

Na sexta-feira passada, os mercados entraram em turbulência com as principais bolsas do mundo caindo com forte intensidade. Na Europa, o principal índice de ações, o Euro Stoxx 50, recuou 2,24%. Nos Estados Unidos, o S&P500 recuou 2,77%. O mesmo aconteceu no Brasil, com o Ibovespa recuando 2,86%. Além disso, o Dólar e o Euro dispararam na sexta-feira, subindo 3,76% e 3,41%, respectivamente.

Turbulência 2

Toda essa turbulência aconteceu por conta de declarações do presidente do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, que afirmou que para combater a inflação o FED terá que realizar um aperto monetário mais forte do que o esperado, elevando os juros para 3% ou mais até o fim do ano.

FRASE

"O aumento de 0,5 ponto percentual estará na mesa na reunião de Maio"
Jerome Powell, presidente do FED

Aperto Monetário
Os Estados Unidos estão enfrentando a mais alta inflação dos últimos 40 anos e essa inflação, assim como no Brasil, tem se mostrado persistente e distribuída em vários setores, exigindo uma política monetária mais dura. O presidente do FED sinalizou que pode ser necessário um aumento de 0,5 ponto percentual em cada uma das seis reuniões de política monetária a serem realizadas ainda neste ano. 

Juros x Crescimento

A elevação dos juros nos Estados Unidos retira a liquidez da economia mundial e reduz o crescimento. Com a renda fixa pagando mais, sem praticamente risco nenhum, todos os projetos e investimentos de risco precisariam ser ainda mais rentáveis para compensar o risco assumido. Assim, menos projetos são realizados, diminuindo a atividade econômica e o crescimento. 

Queda nas Bolsas

Por essa razão as bolsas de valores caíram tanto na sexta-feira. Devido às perspectivas de menos projetos sendo realizados e menor atividade econômica mundial, é previsto que as empresas tenham menor demanda. Dessa forma, irão faturar e crescer menos. O seu valor como um todo cai, e isso é refletido na avaliação de suas ações. 

Emergentes

Esse efeito pode ser potencializado nos países emergentes, pois esses possuem mercados internos menos desenvolvidos, tendo maior dependência da saúde econômica mundial. No caso do Brasil, grande exportador de commodities, o nível de atividade econômica interna é influenciado pelo ritmo de crescimento mundial.

Fluxos de Capitais

Combinado à menor perspectiva de crescimento, o aumento da taxa de juros nos Estados Unidos passa a atrair um maior fluxo de capitais para a renda fixa norte-americana. São recursos que estavam aplicados ou seriam investidos em projetos desenvolvidos em outros países. Com os Estados Unidos atraindo esses recursos, o Dólar se valoriza. 

Fluxos de Capitais 2

Até agora, o fluxo de recursos internacionais favoreceu a entrada de capitais no Brasil em 2022, atraídos pelos altos juros brasileiros em comparação com os juros baixos das economias centrais. Com a elevação dos juros nos Estados Unidos, o fluxo de capitais internacionais pode ser inverter, favorecendo o Dólar frente ao Real. 

Expectativas

Nesse processo, contam também as expectativas. Ou seja, mesmo antes da elevação dos juros propriamente dita, basta uma expectativa de juros mais elevados para começar a provocar maior atração de recursos para a renda fixa norte-americana. Essa expectativa é materializada nos juros futuros.

Taxa de Câmbio

Na sexta-feira, o Dólar abriu o dia sendo negociado a R$ 4,62 e terminou cotado a R$ 4,80 (alta de 3,76%), enquanto o Euro abriu o dia negociado a R$ 5,01 e fechou cotado a R$ 5,18 (alta de 3,41%). Nas máximas do dia, o Dólar chegou a R$ 4,83 enquanto o Euro chegou a R$ 5,22. Descontando os exageros das reações do mercado, o movimento é causado por essa nova perspectiva.

Perspectiva de Juros

Com os juros americanos subindo a 3%, os juros no Brasil terão que subir mais para manter o mesmo equilíbrio anterior. Mantido o atual diferencial de inflação entre Brasil e Estados Unidos, e com o mesmo risco-país atual, os juros brasileiros teriam que subir a quase 15% para continuar atraindo dólares. 
 

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por