xeque-mate da economia

Troca na Petrobras

Estéfano Barioni
25/05/2022 às 20:40.
Atualizado em 26/05/2022 às 10:56

O novo presidente da Petrobras agora é Caio Mario Paes de Andrade (Divulgação)

Pela segunda vez neste ano, o presidente Jair Bolsonaro trocou o comando da Petrobras. O novo presidente da empresa agora é Caio Mario Paes de Andrade, que até então ocupava o cargo de Secretária Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital no Ministério da Economia. Caio de Andrade ainda precisa ter seu nome submetido e aprovado em assembleia pelo Conselho da Petrobras. 

Nova Tentativa

O presidente anterior, José Mauro Ferreira Coelho, ficou apenas 40 dias no cargo. Ele havia assumido a presidência da empresa após mais de duas semanas da demissão do seu antecessor, o General Joaquim Silva e Luna, depois que o primeiro nome indicado para o substituir, o especialista Adriano Pires, ter declinado de assumir o comando da estatal. 

FRASE
"As taxas de retorno importam muito na hora de decidir sobre os investimentos a fazer."
Abigail Johnson, empresária norte-americana

Trocas

Ao que parece, o período de duas semanas não foi o suficiente para se encontrar um novo nome que alinhasse a condução da empresa com as expectativas do governo. O afastamento de José Mauro Ferreira Coelho é prova disso. Sua demissão veio na sequência de uma outra troca, desta vez no comando do Ministério de Minas e Energia, onde Adolfo Sachsida assumiu a pasta. 

Motivo

O motivo para as trocas é um só: o descontentamento do governo com os preços dos combustíveis e da energia elétrica, que pesam sobre a inflação e corroem o poder de compra das famílias em pleno ano eleitoral. Nos dois casos, a raiz do problema é a mesma, a alta dos preços da energia no mercado internacional (petróleo e gás natural), que aumentam os custos da produção de combustíveis e da geração termelétrica, cada vez mais utilizada no país. 

Mudanças

Com as novas mudanças, o governo dá o recado de que pretende interferir e mudar as regras de preços da Petrobras e talvez até da energia elétrica, o que nesse caso seria muito mais difícil pois não se trata de uma única empresa, mas de dezenas. No caso da Petrobras, o movimento seria mais simples, fazendo com que a empresa abandone a política de paridade com os preços internacionais. 

Fornecimento

A questão problemática é garantir o fornecimento de combustíveis, especialmente do óleo diesel, em um cenário onde os preços ficariam represados, abaixo dos valores internacionais. Isso inviabilizaria a importação de combustíveis que no ano passado representou 8% da gasolina consumida no país e, no caso do óleo diesel, teve 23% da demanda interna atendida pelo produto importado.

Fornecimento 2

Assim, duas possibilidades existiriam em caso de interferência para manter preços artificialmente baixos. A primeira é o risco de desabastecimento, pois os agentes privados deixariam de realizar a importação de óleo diesel e gasolina. A segunda é a Petrobras assumir a importação e revender os produtos com prejuízo. Mas não se pode esquecer que essa conta será paga, mais cedo ou mais tarde.

Represamento

O pior que pode haver é um represamento temporário de preços, mantido apenas até a eleição, e depois o governo soltar as rédeas e deixar os preços explodirem. Já vimos isso acontecer no passado e os efeitos são piores do que quando os aumentos de preços acontecem no momento que deveriam. Os aumentos se acumulam e desabam sobre a população de uma vez só. 

Renda

Os preços dos combustíveis estão muito elevados, puxando a inflação e restringindo o orçamento das famílias. Isso é um problema, claro. Mas o grande problema é que a renda do brasileiro não cresce e está estagnada ao mesmo nível de dez anos atrás. Imaginar que a Petrobras irá resolver os nossos problemas subsidiando os combustíveis é mera ilusão.

Investimento

Uma forma de diminuir os preços dos combustíveis e também da eletricidade é através de investimentos, que aumentem a capacidade de produção e eliminem gargalos e restrições. Mas para haver investimento, as atividades precisam ser rentáveis e remunerar adequadamente os projetos. O represamento de preços só faz afastar os investimentos. 
 

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