Trem Intercidades: prioridade do Estado para transformar SP

Até o final de 2023, o Governo de São Paulo vai pôr fim a mais de uma década de incertezas e tirar do papel um projeto transformador de infraestrutura e mobilidade sobre trilhos. Com a publicação do primeiro edital do Trem Intercidades (TIC), há pouco mais de um mês, a gestão comandada pelo governador Tarcísio de Freitas confirma que é prioridade ampliar a conexão entre a Capital e os mais importantes polos do interior. Com a união entre o Poder Público e a iniciativa privada, São Paulo terá trens com velocidades médias de 100 km/h, oferecendo mais conforto e previsibilidade para milhares de passageiros todos os dias. 

Ao todo, quatro linhas deverão percorrer as principais regiões do território paulista: Eixo Norte, de São Paulo a Campinas; Eixo Sul, da Capital a Santos, passando pelo ABC e Cubatão; Eixo Oeste, de São Paulo a Sorocaba, passando por São Roque; e Eixo Leste, da Capital a Pindamonhangaba, passando por São José dos Campos e Taubaté.

O passo inicial do Trem Intercidades será o Eixo Norte, com leilão previsto para novembro deste ano para ligar as cidades de São Paulo, Jundiaí e Campinas. Com o formato de parceria público-privada (PPP), investidores nacionais ou do exterior poderão explorar os serviços de transporte de acordo com as regras estabelecidas pelo Governo do Estado e também serão responsáveis por investimentos e custos operacionais do novo modal de transportes. 

Os estudos para estruturar a PPP foram coordenados em conjunto pelas Secretarias de Parcerias em Investimentos (SPI) e de Transportes Metropolitanos do Estado, com cooperação técnica do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e recursos da Global Infrastructure Facility (GIF). 

Com investimento total estimado em R$ 12,8 bilhões, o TIC Eixo Norte compreende a construção, recuperação, operação e manutenção de linhas ferroviárias que oferecerão três serviços distintos: o Trem Intercidades ou Serviço Expresso, entre São Paulo, Jundiaí e Campinas, com tempo de viagem de cerca de uma hora; o Trem Intermetropolitano, entre Jundiaí e Campinas, atendendo a novas estações em Louveira, Vinhedo e Valinhos; e a requalificação da Linha 7-Rubi da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), especialmente com a segregação de linhas e reconstrução das Estações Lapa e Água Branca, ambas na Capital.

O Trem Intercidades vai facilitar as viagens entre metrópoles e cidades-polo que, juntas, representam 66,4% do Produto Interno Bruto (PIB) paulista. Também vai expandir a infraestrutura logística para passageiros e cargas, aliviando rodovias e vias urbanas, e gerando benefícios sociais e econômicos estimados em R$ 3,18 bilhões.

Sob aspectos socioambientais e de sustentabilidade, o novo modal será determinante para diversificar a matriz de transportes, reduzindo significativamente o tráfego rodoviário e as emissões de poluentes. Além disso, vai gerar oportunidades de negócios e cerca de 10,5 mil empregos diretos e indiretos.

Fato é que, a partir da viabilização da PPP para o Eixo Norte como pedra fundamental do ambicioso projeto dos Trens Intercidades, os paulistas, natos, de coração ou de passagem poderão conhecer e reconhecer o renascimento do transporte sobre trilhos em nosso estado. Como no poema de Ferreira Gullar, inspirado em “O Trenzinho Caipira”, de Villa Lobos, o novo trem vai correr pela terra, pela serra, pelo mar, cantando pela serra do luar... 

André Isper Rodrigues Barnabé é secretário executivo de Parcerias em Investimentos do Estado. Carolina Lembo é especialista sênior de PPPs do Banco Interamericano de Desenvolvimento